A plataforma Covid-19 Analysis Tools, criada pelo Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) para fazer projeções da pandemia a partir de similaridades no mundo, estima que o Rio Grande do Sul poderá superar os 20 mil óbitos por covid-19 até os primeiros dias de abril e atingir quase 25 mil mortes ainda na primeira quinzena do próximo mês.
Na atualização de segunda-feira (15) da Secretaria Estadual da Saúde, o estado registrou um total de 744.844 casos, sendo 2.618 em 24 horas, e 15.104 mortes, das quais 148 foram notificadas em um dia.
Todo o Rio Grande do Sul está classificado com a bandeira preta, que indica alto risco de contágio, uma classificação que deverá perdurar até abril, de acordo com o governo do estado. A taxa de ocupação de leitos atingiu 109,6%.
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A pedido do Extra Classe, foram feitas projeções para sete, 14, 21 e 28 dias a partir do dia 15 de março. A tendência apontada pelo sistema da universidade é de que o estado atinja 16.395 óbitos até 19 de março, 18.641 até 26 de março, 21.322 até 2 de abril e 24.439 mortes até 9 de abril.
As estimativas sobre o número de óbitos consideram a tendência dos 14 dias anteriores e comparam a realidade de países que têm similaridades com o estado em relação aos números da pandemia.
“Esta é uma aproximação simples, mas que fornece resultados dentro de uma margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Além de 14 dias, a previsão pode começar a apresentar mais erros, pois outros fatores externos podem impactar a evolução dos dados, como o relaxamento ou adoção de medidas restritivas", explica o professor João Luiz Comba, coordenador do projeto.
O sistema permite identificar automaticamente lugares no mundo que têm crescimento de dados similares. “A curva de total de óbitos no RS é similar a países como o Paquistão, Suécia e Portugal. Todos esses lugares registram de 13 mil a 14 mil óbitos por covid-19 e tiveram o primeiro óbito há 350-360 dias”, compara.
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As estimativas para os próximos 28 dias no RS comparam as tendências da pandemia no estado e nos países que servem de parâmetro para o estudo. “Atualmente, a taxa de crescimento no total de óbitos no RS tem forte tendência de alta, enquanto que Suécia e Portugal têm forte tendência de queda. O Paquistão tem leve tendência de queda”, assinala Comba.
Comparação com Portugal
Segundo ele, a comparação com Portugal é particularmente interessante para os gaúchos porque aquele país apresentou uma forte tendência de alta a partir de 4 de janeiro de 2021.
Em 15 de janeiro, portanto, 11 dias depois do pico que levou ao colapso o sistema de saúde, Portugal adotou medidas restritivas. “O crescimento continuou em alta mesmo com medidas severas de lockdown”.
A previsão de óbitos para 28 dias considera a tendência de alta dos últimos 14 dias e pode ser reduzida de forma similar a Portugal, que teve uma queda drástica de óbitos após 40 dias da tendência de alta com medidas de distanciamento social.
O Rio Grande do Sul está há 14 dias com a adoção de medidas restritivas, sem confinamento.
Somente a partir de 15 de fevereiro, um mês depois do lockdown declarado, o número de óbitos em Portugal iniciou um processo de queda. Passados dois meses, em 15 de março, o país já apresentava números de mortes diárias abaixo de 20.
O estado tem uma curva de crescimento de óbitos que se inicia em 18 de fevereiro. Assim como em Portugal, 10 dias depois, o estado adotou medidas mais restritivas. Ao contrário do Rio Grande do Sul, em Portugal as medidas foram mais severas.
“Se a evolução do crescimento de óbitos no RS for similar a Portugal, teremos somente uma tendência de queda a partir de 30 de março, um mês depois, e uma estabilização a partir de 30 de abril”, avalia o pesquisador.
Essa estimativa, no entanto, depende de vários fatores e de como as restrições serão seguidas. “A nossa predição estima que o RS irá passar o total de óbitos de Portugal a partir do dia 21 de março. Com a previsão atual, o estado deve superar o número de 20 mil óbitos em 1º de abril”, projeta Comba.