O Brasil registrou, nas últimas 24 horas, 2.724 mortos por covid-19. Com o acréscimo, o país chega a 287.499 vítimas desde o início da pandemia em março de 2020. Em pouco mais de um ano, a covid-19 provoca o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A média de mortos, calculada em sete dias, aponta para 2.087 vítimas em média em períodos de 24 horas. Trata-se do pior momento do surto do coronavírus no Brasil. Ainda existe uma tendência de piora para as próximas semanas. O fato fica claro com o número diário de novos casos, que está também em seu momento de maior disseminação. A média diária de novos infectados está em 71.872.
Os números são do Painel Conass, do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). E eventualmente pode divergir dos informados pelo consórcio da imprensa comercial em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos de comunicação. As divergências para mais ou para menos são sempre ajustadas após a atualização dos dados.
Pior cenário
Ainda de acordo com o Conass, o Brasil deve manter o período trágico por um período de até mais seis semanas. Nas últimas 24 horas foram registrados 86.982 casos, totalizando 11.780.820 contados a partir do início da pandemia. Desde o dia 9 de março, o Brasil ocupa o posto de epicentro da covid-19 no mundo. Nessa data, o país passou a apresentar mais casos e mortes diárias do que os Estados Unidos, o mais afetado pelo vírus em números absolutos. E isso, sem levar em conta que o Brasil testa menos sua população do que os norte-americanos.
Fator Bolsonaro
Entre os fatores que levaram o Brasil ao colapso por falta de leitos e à disseminação desenfreada da covid-19 estão a má gestão do governo federal e a morosidade dos governos estaduais e municipais na adoção de medidas mais rígidas de isolamento social. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro desdenhou da doença, estimulou aglomerações, ridicularizou o uso de máscaras e atacou vacinas, o colapso foi se desenhando.
A pressão do bolsonarismo fez com que fossem postergadas medidas comprovadas pela ciência como as únicas eficazes no controle da covid-19, a exemplo da vacinação e adoção de lockdown. Estimulados pelo presidente, populares seguidores do político radical chegaram a promover atos presenciais contra o isolamento, contra o uso de máscaras, e em defesa da cloroquina e da ivermectina (o chamado kit covid). Os dois medicamentos foram tratados por Bolsonaro como “milagrosos” contra a covid-19. Entretanto, desde o início da pandemia e de acordo estudos no mundo inteiro, a ciência cravava que as substâncias em questão são ineficazes no combate ao vírus.
“O Brasil promoveu e estocou o ‘kit covid’ de tratamento precoce, que não funciona. Agora isso sobra, enquanto começa a faltar o ‘kit intubação’. E são remédios que podem faltar para qualquer cirurgia, não só internação por covid”, alerta o biólogo e divulgador científico Atila Iamarino. A falta de insumos básicos nos hospitais é reportada por todo o país, enquanto sobra cloroquina.