Crise sanitária

Com 3.251 mortos em 24 horas, Brasil tem mais um ‘pior dia da covid’

Depois de uma semana sem ministro de fato, Bolsonaro dá posse a Queiroga na Saúde

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Pior momento da pandemia no Brasil é agravado por falta de medicamentos, oxigênio e ausência de coordenação do Ministério da Saúde - Silvio Avila/HCPA

Mais uma vez, o Brasil quebra seu próprio recorde de mortos por covid em 24 horas ao registrar, nesta terça (23) mais 3.251 vítimas do novo coronavírus – nove pessoas a cada 10 minutos. Já São 298.676 mortes provocadas pelo vírus desde o início do surto, em março de 2020.

O país deverá passar a marca de 300 mil registros oficiais de mortos na quarta-feira. Na média móvel, calculada em sete dias, morrem 2.436 brasileiros a cada dia. Os números são do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Desde o fim do ano a covid-19 se dissemina de forma descontrolada pelo país. Nesta terça, mais de um quarto das mortes diárias em todo o mundo ocorrem no Brasil.

O país é o epicentro da pandemia no mundo desde o dia 9 de março. O segundo lugar é ocupado pelos Estados Unidos, com três vezes menos mortes contabilizadas nos últimos dois meses, com média inferior a mil por dia. Mas com o o dobro da população.

Apenas os norte-americanos superam o Brasil em números absolutos da covid-19. Entretanto, eles praticam uma política de testes abrangente. A subnotificação é admitida até pelas autoridades sanitárias do Brasil e, portanto, a nossa realidade é seguramente mais grave, de acordo com epidemiologistas.

É o pior momento do surto no país. Durante o pico a chamada “primeira onda”, registrado entre junho e agosto de 2020, a média era de 1.102 mortes diárias. Um crescimento superior a 100% em relação àquele período.

Novo ministro

A condução da covid-19 pelo governo Bolsonaro tem como exemplo da má condução a transitoriedade na chefia do Ministério da Saúde. Também hoje, depois de uma semana sem um chefe de fato, Bolsonaro deu posse do cargo ao cardiologista Marcelo Queiroga.

Em cerimônia rápida e discreta, o médico foi confirmado como o quarto ocupante da pasta durante o período da pandemia. O futuro da condução do ministério da Saúde por Queiroga segue envolta em incertezas.

Falando ainda como indicado, ele já deu sinais de seguir a cartilha negacionista do chefe do Executivo. Por sua vez, o demitido general Eduardo Pazuello é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua má gestão. Ele esteve à frente da pasta desde o dia 15 de maio.

Na ocasião, o país registrava pouco mais de 15 mil mortos. Pazuello deixa o cargo durante o pior momento da pandemia, na véspera da confirmação de 300 mil vítimas.

Colapso

Um dia após o país superar 12 milhões de casos confirmados de covid-19, ontem, foram notificados 82.493 novos infectados. O elevado número de contaminações comprovadas confirma a disseminação descontrolada do vírus. Desde março de 2020 são 12.130.019 pessoas impactadas por sintomas do vírus.

Enquanto a covid segue em uma velocidade devastadora, todas as regiões do Brasil passam por colapso em seus sistemas de saúde. Aumentam os relatos de filas para leitos de UTI, sem que a demanda possa ser atendida.

Em seis estado, faltam insumos básicos, como oxigênio: Acre, Rondônia, Amapá, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Ceará. Em outras unidades da federação, como São Paulo, o suprimento deve se esgotar em uma semana. Também já faltam medicamentos anestésicos para intubação.

Vacinação

A pressão cresce sobre o o governo federal, capitaneado pelo negacionista Jair Bolsonaro. O presidente é alvo de denúncias em órgãos internacionais, como ONU e OMS, por sua postura de minimizar a covid-19, taxá-la de “gripezinha”, relativizar as mortes, ridicularizar uso de máscaras, atrasar a vacinação e até mesmo divulgar mentiras sobre a segurança das vacinas.

A vacinação, única saída para a superação da covid no Brasil e no mundo, segue em ritmo lento, em razão da falta de ação do governo Bolsonaro. Até o momento, 12.279.559 de pessoas receberam a primeira dose de uma vacina, ou 5,8% da população.

Já receberam a segunda dose e estão totalmente imunizados 1,99%, ou 4.213.859, de acordo com levantamento do consórcio de veículos de imprensa para acompanhamento da covid-19.

A RBA utiliza informações fornecidas pelas secretarias estaduais, através do Conass. Eventualmente, eles podem divergir dos informados pelo consórcio da imprensa comercial em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências para mais ou para menos são sempre ajustadas após a atualização dos dados.