O álcool em gel fornecido pela Prefeitura de Curitiba está abaixo da concentração necessária para ser eficaz contra a infecção pelo vírus da covid-19.
Esse é o resultado de teste realizado pelo Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com base em amostras de produtos distribuídos pela administração às escolas municipais dos bairros Pinheirinho, Portão, Tatuquara, Cajuru, Boqueirão e Bairro Novo.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) e o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac) entregaram frascos lacrados dos produtos Audax All Clean, Quimibel (duas versões) e Claraind (duas versões) para o laboratório do Departamento de Química da UFPR.
O resultado, que saiu na última quinta-feira (18), informa que o percentual detectado nas amostras varia entre 26,65% e 62,33%.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina uma concentração de 70% em saneantes para higienização das mãos e superfícies sob as formas gel, espuma e outras.
Formulações contendo concentrações de álcool etílico entre 68% e 72% também são permitidas para desinfecção. Assim, nenhuma das amostras alcançou a concentração mínima exigida.
"Isso mostra que os servidores estão complemente desprotegidos e coloca em xeque um dos pilares no protocolo de segurança definido pela Prefeitura para funcionamento dos equipamentos de saúde, assistência social e educação. Entre as amostras analisadas, tem até mesmo um produto com concentração de etanol menor do que o de uma garrafa de rum ou cachaça", diz nota divulgada pelos sindicatos.
Diante do resultado do teste, o Sismuc e o Sismmac enviaram ofício à Prefeitura de Curitiba cobrando uma reunião emergencial e a relação de todas as marcas de álcool em gel enviadas aos equipamentos municipais, especificando também a quantidade e os valores gastos na aquisição.
O ofício também questiona se a Prefeitura adotou algum critério para conferir a qualidade do produto adquirido.
Os sindicatos também notificaram o Ministério Publico do Trabalho (MPT) e reivindicaram a realização de uma audiência em caráter emergencial com a presença da administração.
Junto a essas medidas, os sindicatos entraram com uma ação pedindo para que seja realizada uma perícia judicial para conferir a qualidade de todas as marcas de álcool em gel distribuídas pela Prefeitura.
Em parceria com os professores do laboratório da UFPR, Sismuc e Sismmac também farão a denúncia das marcas de álcool gel junto ao Conselho Regional de Química.
A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba, informando o resultado do teste e pedindo explicações sobre os critérios adotados para compra de álcool em gel, mas não obteve resposta até a publicação dessa reportagem.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Poliana Dallabrida e Lia Bianchini