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Israel: Netanyahu lidera com 25% do Parlamento, mas precisa de coalizão para governar

Com 90% dos votos apurados, atual primeiro ministro terá maior bancada do parlamento

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Benjamin Netanyahu vence a quinta eleição, a quarta em apenas dois anos, que disputa e poderá se tornar o primeiro ministro israelense há mais tempo no cargo - Emmanuel Dunand / AFP

Os israelenses realizaram as quartas eleições gerais em menos de dois anos, na última terça-feira (23), e novamente o Likud ("A Consolidação"), partido do atual primeiro ministro Benjamin Netanyahu, obteve a maioria da preferência.

Com 90% da apuração concluída, o Likud possui 30 cadeiras no Knesset, o parlamento israelense, enquanto o segundo colocado, o partido opositor Yesh Atid  (“Há um Futuro”), ganhou 17 assentos, seguido da organização Sahs com 9 parlamentares. O congresso de 120 cadeiras estará dividido entre 13 coligações.

Cerca de 6,5 milhões de cidadãos foram convocados a votar, apenas 67% compareceu às urnas, cerca de 4% a menos em comparação ao último processo.

Netanyahu deve formar uma coalizão com 61 deputados, que representam a maioria qualificada do congresso, por isso convida até mesmo a oposição a formar governo para "evitar uma quinta eleição".

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A contagem dos votos deve durar até sexta-feira, quando serão divulgados os resultados oficiais, mas tudo indica que o Likud e o Yamina ("Para a Direita") conseguirão formar a aliança governante.

Com esse resultado, o conservador Netanyahu, que enfrenta um processo por denúncias de corrupção, poderá tornar-se o israelense que ocupou por mais tempo o cargo de premiê na história do país: 12 anos.

Uma nova aliança tem prazo apertado, já que no dia 5 de abril Netanyahu deve prestar depoimentos ante a Justiça. Meios locais apontam que o premiê buscará formar o governo antes dessa data, para atrasar os prazos do processo, que iniciou em maio do ano passado, ou buscará aprovar uma lei que lhe garanta imunidade parlamentar. 

Na madrugada, o primeiro ministro não declarou vitória, mas disse que o "Likud se tornou o maior partido de Israel".

O bloco anti-Netanyahu, um grupo heterogêneo de facções de esquerda, direita e centro, possui no partido Islamist United Arab List, liderado por Mansour Abbas, a maior força para impedir que Netanyahu tenha maioria qualificada do congresso. A organização política muçulmana ainda não declarou seu apoio a nenhum dos blocos.

Gestão da pandemia

O favoritismo de Netanyahu poderia ser explicado pelos bons resultados durante a pandemia. Israel lidera a vacinação no mundo com 5,2 milhões de israelenses, cerca de 80% da sua população imunizada.

Enquanto avança com a vacinação em massa, o premiê israelense se nega a oferecer o medicamento aos palestinos, que tiveram mais de metade do seu território tomado por Israel. 

:: Palestina exige que Israel forneça vacina contra covid-19 ao povo palestino ::

A atual administração também é hostil com a comunidade islâmica israelense. Nos dias prévios à eleição, o Likud alegou que havia fraude eleitoral generalizada nas comunidades muçulmanas israelenses e, em uma operação chamada "Padrões Morais", enviou jovens voluntários e ativistas armados com câmeras escondidas aos locais de votação para servir como "observadores objetivos"

Histórico

Israel vive um impasse político desde os últimos pleitos (abril e setembro de 2019 e março de 2020), já que nem Netanyahu, nem seu opositor e ex-ministro de Defesa, Benny Gantz, da coalizão Azul e Branco, tiveram apoio suficiente para formar maioria no Parlamento israelense.

Para dar fim à crise, ambos chegaram a um acordo de governo conjunto, no qual Netanyahu governaria até outubro de 2021 e depois seria substituído por Gantz. 

No entanto, em dezembro do ano passado, os líderes do Likud e do Azul e Branco não chegaram a um acordo sobre o orçamento, o que levou à dissolução do Parlamento e à convocação destas novas eleições. 

Edição: Rebeca Cavalcante