Patrimônio

A tradicional Procissão do Fogaréu completa 260 anos na Cidade de Goiás (GO)

Estudiosos do setor cultural destacam a importância da procissão para além do sentido religioso

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Tradição da Procissão tem 260 anos e foi interrompida pela primeira vez em 2020 e 2021 por conta da pandemia de coronavírus - Guilherme Veiga
É uma procissão, uma festa para litúrgica, que acontece além da igreja e é baseada no teatro

A tradicional Procissão do Fogaréu é realizada na Cidade de Goiás (GO) desde 1745. Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do estado de Goiás, a representação da perseguição e prisão de Jesus Cristo é realizada sempre nas primeiras horas da quinta-feira da semana santa.  

O professor Guilherme Veiga participa da Procissão do Fogaréu há vinte e cinco anos. 

“É uma procissão, uma festa para litúrgica, que acontece além da igreja e é baseada no teatro. Temos registros que relatam que durante a 0 hora da Quinta-feira Santa, que antecedem a Sexta-feira da Paixão, existia um rito em Goiás que narra esse acontecimento, que são alguns homens que saem com alguns archotes nas mãos simbolizando a perseguição de cristo”, detalha. 

Para Guilherme Veiga, que é mestrando em Patrimônio, Ccultura e Memória, a encenação do Fogaréu reforça o valor cultural para a Cidade de Goiás. A procissão foi introduzida pelo padre espanhol Perestelo de Vasconcelos há mais de dois séculos.

“A Procissão do Fogaréu vem se arrastando por tempos. É de uma extrema importância para nós vilaboenses, nós daqui da Cidade de Goiás, que somos os vilaboenses, assim como para a cultura goiana e até mesmo pra cultura brasileira e quiçá para a mundial. Goiás se complementa através do Fogaréu e através disso a importância do Fogaréu para manter nossas tradições é o que eleva Goiás para o conhecimento internacional”, salienta.  

Ao som de tambores tocados pela fanfarra, os farricocos, que representam os soldados romanos, começam a andar pela cidade com tochas nas mãos. O gesto representa a procura de Jesus para a crucificação. Eles usam túnicas e capuzes coloridos e saem descalços pela cidade.  

Rodrigo dos Santos, especialista em Educação e Patrimônio Cultural e Artístico, destaca a importância da fanfarra. 

“A Procissão do Fogaréu é formada por uma fanfarra e essa fanfarra dita o ritmo da procissão. Ora muito rápido, ora muito lento. E assim ela representa para Goiás, um ícone de identificação da cidade”, afirma. 

Os farricocos finalizam a procura na Igreja de São Francisco de Paulo, que simboliza o Monte das Oliveiras, onde Cristo foi preso. Ao som do clarim, surge um estandarte com a imagem de Jesus, carregado por um farricoco vestido de branco. A cerimônia se encerra com uma fala do bispo de Goiás. 
 
“Quando se fala da importância do Fogaréu pra mim é tocar essas várias áreas, não só do conhecimento humano, mas também do saber fazer na Cidade de Goiás, que vai desde a artesão até grandes artistas, sejam eles músicos, ou artistas plásticos”, destaca Guilherme. 

Anualmente, cerca de 60 mil pessoas, entre moradores e turistas, se emocionam ao acompanhar de perto a procissão que marca a tradição popular. 

Covid-19

Vale destacar que, em função da pandemia, a edição da Procissão do Fogaréu deste ano de 2021 foi cancelada pela segunda vez consecutiva. A informação foi anunciada por uma nota emitida pela Organização Vilaboense de Artes e Tradições da Cidade de Goiás.

Edição: Daniel Lamir