Antes crítico do uso de vacina contra o coronavírus, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), agora tem utilizado seu canal no Telegram, com 58 mil seguidores, para fazer propaganda do imunizante. Foram 44 publicações desde o dia 10 de março, data em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou em defesa das vacinas.
“Na semana que vem, vou tomar minha vacina. E quero fazer propaganda para o povo brasileiro: não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina. Esse vírus, nesta noite, matou quase 2 mil pessoas. As mortes estão sendo naturalizadas. Mas eram mortes que, muitas delas, poderiam ser evitadas se a gente tivesse um governo que tivesse feito o elementar”, afirmou Lula.
A reação da família Bolsonaro ao discurso de 10 de março do ex-presidente petista foi imediata. Na mesma tarde, o presidente compareceu em uma cerimônia usando máscara, assim como toda sua equipe. Ainda no mesmo dia, Flávio fez sua primeira postagem no grupo incentivando a vacinação.
“Vamos viralizar”, pediu o senador aos seguidores. A frase acompanhava uma foto do presidente com a seguinte legenda: “Nossa arma é a vacina”. A mensagem foi replicada no perfil do senador no Twitter, onde ele acrescentou: “Vacina para gerar empregos. Nos próximos dois meses, vacinaremos dezenas de milhões de brasileiros.”
Desde então, o canal de Flávio se tornou quase monotemático. Foram mais 43 publicações falando sobre vacina, que variam entre publicidade de ações do governo, vídeos indignados com profissionais da Saúde que simulam que vacinam idosos, mas que não aplicam o líquido imunizante e dados sobre distribuição de vacinas aos estados.
No dia 11 de março, Flávio postou outra foto do pai e escreveu: “Como eu já havia dito, o Brasil vacinará, nos próximos meses, dezenas de milhões de brasileiros!”. Em 16 de março, o senador afirmou que “ninguém fica para trás. O Ministério da Saúde está distribuindo nesta semana 4.558.420 de doses da vacinas contra a Covid-19 produzidas no Brasil pelo Instituto Butantan.”
Visto por 20 mil pessoas no canal, um vídeo mostrando profissionais da Saúde que simulam a aplicação da vacina em idosos, postado em 22 de março no grupo, recebeu um comentário revoltado do senador. “Qual o limite da maldade? Meu Deus”. No dia 25 de março, Flávio publicou um vídeo do Ministério da Saúde anunciando distribuição de doses de vacina. “A luta não para e nós vamos vencer este vírus”, alertou o parlamentar.
A frase destoa dos comentários públicos da família Bolsonaro sobre vacinação. Em 19 de janeiro deste ano, Flávio afirmou que não tomaria o imunizante. “Como já tive covid e minha taxa de imunidade é alta, meu médico não recomendou, neste momento, que eu tome a vacina. Vou seguir a ciência”, ironizou.
Edição: Rodrigo Durão Coelho