O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, volta a comparecer ao Tribunal do Distrito de Jerusalém para depor em um processo que o acusa de crimes de corrupção e abuso de poder. As investigações iniciaram em maio de 2020 e foram suspensas em duas ocasiões.
O premiê acaba de ser reeleito, tornando-se o israelense que mais tempo permaneceu no poder. Segundo veículos de imprensa locais, Netanyahu buscaria formar governo antes desta segunda-feira (5), para atrasar os prazos do processo, ou ainda tentaria aprovar uma lei que lhe garanta imunidade parlamentar.
Apesar de ter a maior bancada do Knesset, o parlamento israelense, com 30 deputados, o mandatário ainda não conseguiu anunciar uma aliança governante. Enquanto o premiê comparece aos tribunais, seus partidários do Likud ("A Consolidação") realizam reuniões com membros do partido opositor Yesh Atid (“Há um Futuro”), que tem a segunda maior bancada, com 17 congressistas.
::Israel: Netanyahu lidera com 25% do Parlamento, mas precisa de coalizão para governar::
O primeiro ministro é acusado de subornar a imprensa para receber cobertura favorável e de receber presentes de luxo de empresários do setor das telecomunicações para favorecê-los em licitações e projetos de lei.
A promotora pública Liat Ben Ari afirmou que o político está envolvido em um dos casos mais graves da história política de Israel, de influência e direcionamento das eleições de 2013 e 2015 no país. "Netanyahu abusou de seu poder para conceder benefícios ilegais em coordenação com os maiores meios de comunicação para promover seus interesses", declarou.
Caso 1 - Fraude e quebra de confiança: é acusado de receber presentes - como charutos e garrafas de champanhe - de empresários em troca de favores
Caso 2 - Fraude e quebra de confiança: Netanyahu é acusado de se oferecer para ajudar a melhorar a circulação do jornal israelense Yediot Ahronot em troca de cobertura positiva
Caso 3 - Suborno, fraude e quebra de confiança: como premiê e ministro das comunicações no momento da acusação, Netanyahu teria promovido regulação favorável ao acionista controlador da gigante de telecomunicações Bezeq, Shaul Elovitch, em troca de cobertura positiva do site de notícias Walla.
Manifestantes pró e anti-Netanyahu se reuniram em frente ao Tribunal de Jerusalém quando o julgamento começou. O cronograma prevê ao menos três audiências por semana até que os três casos sejam levados a juri.
Mesmo se for condenado, Netanyahu não será obrigado a renunciar até que o processo de apelação se esgote - algo que pode levar anos.
Edição: Vinícius Segalla