O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou esta semana uma visita a Chapecó (SC), cidade que, segundo ele, seria um exemplo do sucesso do suposto "tratamento precoce" contra a covid-19, baseado em medicamentos sem eficácia comprovada.
A contradição é que, no município catarinense, os casos ativos da doença caíram 61% após 14 dias de lockdown, medida restritiva criticada por Bolsonaro.
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O discurso do presidente encontra respaldo na narrativa divulgada pelo prefeito de Chapecó, o bolsonarista e ex-deputado federal João Rodrigues (PSD). Os dois são amigos de longa data e foram colegas na Câmara, como membros da chamada "bancada da bala".
A versão divulgada por Rodrigues atribui a redução dos casos de covid à montagem de um ambulatório especializado no chamado "tratamento precoce", em janeiro. Os remédios mais utilizados são azitromicina e ivermectina, nenhum deles reconhecido como eficaz no tratamento ou na prevenção do coronavírus.
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Negacionista, o prefeito também liberou, no início da gestão, eventos com aglomeração na cidade, ampliando o horário de funcionamento de bares. Os casos de covid explodiram em fevereiro, obrigando Rodrigues a decretar um lockdown de 14 dias em março, ampliando o número de leitos de UTI. A queda de 61% foi registrada justamente ao final desse período.
Para Bolsonaro, o prefeito fez um “trabalho excepcional” em resposta à covid-19. As UTIs continuam com lotação acima de 95%. A cidade tem 537 mortos pela pandemia, dos quais 410 foram registrados neste ano, durante a gestão do atual prefeito.
João Rodrigues foi condenado em duas instâncias e preso em 2018 após dispensa irregular de licitação quando era prefeito de Pinhalzinho (SC), município vizinho a Chapecó. Ele só pode se candidatar em 2020 após decisão liminar de Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Edição: Poliana Dallabrida