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ARTIGO

Alfredo Bosi, uma figura humana extraordinária

Um tipo de intelectual\professor que não me parece ser mais possível, pelas próprias mudanças radicais da docência

08.abr.2021 às 19h39
João Pessoa - PB
Opinião - Autor convidado

'De quando sonhávamos mais (e melhor)' - Foto: Reprodução

Por Acauam Oliveira*

Tive a honra de ser aluno do professor Alfredo Bosi em uma disciplina de Literatura Brasileira Colonial, assunto que até então, jovem mancebo que era, não me atraia nem um pouco – afinal quem liga pra poesia épica brasileira, ou pra aqueles textos sem graça e burocráticos de nossos colonizadores? 
 
Eu me esqueci que quem iria ministrar a disciplina era o cara que havia escrito o Dialética da Colonização, uma obra extraordinária, brilhantemente localizada entre a crítica literária e a história, e que a meu ver merecia ter um destaque muito maior. Um livro que diz com todas as letras que a persona Gregório de Mattos era um otário racista, e que o conservadorismo do Alencar transparecia a cada linha, comprometendo o sentido estético mais geral. O resultado foi um dos melhores cursos que fiz em toda a minha vida, e a razão de eu adorar ministrar Literatura Brasileira Colonial.

Lembro do maravilhamento que suas aulas me causavam. Na verdade, até hoje uso como exemplo em conversas com amigos sobre o que eu penso ser um grande mestre. Bosi chegava humildemente, devagar, algo curvado e sorrindo, com um pedacinho de papel todo rabiscado. O prazer que ele sentia por estar ali era transparente. O tema era, sei lá, Antonil, e ele começava a aula soltando o seguinte comentário: 'Gilberto Freyre era um guloso'. 

Pensávamos, claro, que o ‘véio’ estava completamente perdido. E daí ele começava a abrir temas e leques os mais descompassados, indo da cultura popular paraibana do século XVIII aos textos que ele traduziu pessoalmente no Vaticano, até enfim chegar no Antonil, finalizando com um retorno à gula de Gilberto Freyre, que de fato anedótico ganhava força hermenêutica mais geral. E tudo isso no tempo exato de uma aula.

Eu nunca encontrei outro professor que demonstrasse uma erudição tão grande – não tive aulas com o Cândido, que imagino que fosse assim – livre de qualquer pedantismo e aliado a um didatismo que tornavam os assuntos mais herméticos deliciosos de acompanhar. As quatro horas de aula passavam voando. 

Católico, era um humanista no sentido mais forte que essa palavra pode assumir, e me parece que certa linha marxista brasileira, de inspiração alemã, foi um tanto quanto injusta com ele.

Para mim, permanecerá sempre como a imagem dos grandes mestres que eu gostaria de ter, um tipo de intelectual\professor que não me parece ser mais possível, pelas próprias mudanças radicais dos sentidos da universidade e da docência. A universidade não é mais a mesma, os alunos não são mais os mesmos e a função da universidade mudou. 

Bosi é de uma época em que as aulas eram uma construção intelectual viva em andamento, daqueles que são publicadas e se tornam clássicos, como os Seminários de Lacan e os cursos de Antônio Cândido.

Mas, principalmente, Bosi era uma figura humana extraordinária, algo que transparece em seus textos sempre preocupados com os socialmente marginalizados. Já velhinho, cochilava em partes dos seminários chatérrimos, mas conseguia recuperá-los ponto a ponto, complementando-os de modo a deixá-los interessantes, valorizando o trabalho dos estudantes. 

Era sempre muito solícito e sensível às demandas do movimento estudantil e me lembro dele se emocionar bastante com a apresentação de um grupo de dança afro (se não me engano) organizado pelo DE. Uma amiga lembrou da época em que ela levava seu filho recém nascido para assistir às aulas, e Bosi a ajudava como dava, segurando a criança no colo até que ela pudesse se ajeitar melhor.

Deixo aqui, como amostra da sua generosidade, a resposta dele a um poema de um amigo que estava começando a escrever, no início da graduação, e que marcou uma reunião com Bosi – que já era um dos maiores críticos literários da América Latina – para mostrar seus poemas. 

A seriedade analítica com que ele trata o poema do aspirante a poeta, junto com o tom leve, com direito a trocadilho, e a indicação de leitura como incentivo para que ele continuasse a escrever já dão mostras da grande figura humana que ele foi. Mais um, dos melhores, que se vão.


Reprodução / Card

 
*Acauam Oliveira é professor da Universidade de Pernambuco – UPE, campus Garanhuns, atuando na graduação em Letras e no Mestrado Profissional

Editado por: Cida Alves
Tags: COVID-19literatura brasileira
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