Até a noite desta quinta-feira (8), 59% dos idosos acima de 60 anos já haviam tomado a primeira dose da vacina contra a covid-19 em Belo Horizonte. A capital mineira tem uma população estimada de 2.521.564 de pessoas (IBGE – 2020), estimada porque o censo populacional é feito de dez em dez anos e, em 2020, não foi realizado, por falta de verba.
Dados divulgados pelos governos, IBGE e na imprensa informam que, em Minas, há mais de 3,7 milhões de idosos acima de 60 anos (G1/IBGE -08/2020), o que representa 17,38% da população estimada do estado. Considerando este percentual para Belo Horizonte, pode-se estimar em 438.169 pessoas acima de 60 anos na capital mineira, conforme se verifica no quadro abaixo.
::O capitalismo é o problema, denunciam organizações populares no Dia Mundial da Saúde::
Elaboração própria/reprodução
Em dados atualizados o dia 7 deste mês, reunidos no quadro abaixo, a prefeitura de Belo Horizonte informa que foram destinadas 721.790 doses de vacinas contra a covid- 19 ao município. Deste total, foi distribuído 80,68% do imunizante, e aplicadas 467.177 doses, o que representa 64,71% das doses disponíveis.
Levando-se em conta que a população estimada de idosos acima de 60 anos de Belo Horizonte, com base no número de idosos de MG (17,38%), seja de 436.169, pode-se concluir que 59,23% dos cidadãos dessa faixa foram vacinados.
É importante ressaltar que a base para incluir os idosos na lista de prioridades é cientifica e matemática, já que 80% das mortes por covid são de pessoas acima de 60 anos.
Agora, os governos das três esferas do executivo e do Legislativo, principalmente os federais, vêm cedendo a pressões de categorias mais organizadas, sem nenhum argumento técnico e científico para furar a fila, deixando os mais vulneráveis por mais tempo na fila de vacinação.
É o que fez a Câmara dos Deputados, ao aprovar o Projeto de Lei (PL) 948/2021, que criou o chamado “camarote da vacina” e abriu espaço para empresários furarem a fila da imunização contra a covid-19. A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), por sua vez, na quarta-feira (7), aprovou projeto que libera compra de vacinas por empresas.
O “camarote da vacinação” agravará o problema ao atropelar o Plano Nacional de Imunização (PNI) do SUS, criando privilégio para famílias endinheiradas. A atitude é vergonhosa e fará com que o público não prioritário seja vacinado na frente de idosos e pessoas com comorbidades.
Quando se administra escassez, principalmente em saúde pública, é preciso planejamento, fazer justiça social, basear na ciência e não fazer politicagem porque está se tratando de vidas.
*Lindolfo Fernandes de Castro é auditor fiscal da Receita Estadual de MG e ex-presidente do Sindifisco – MG.
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Elis Almeida