Estima-se que há cerca de 2 milhões de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. Ao considerar a dificuldade existente em diagnosticar cedo essas pessoas, esse número pode ser ainda maior. Ainda assim, muito desconhecimento sobre o autismo paira na sociedade brasileira.
Na semana em que se celebra o Dia Mundial da Conscientização do Autismo (2 de abril), pessoas autistas, ativistas, especialistas e familiares se articulam para desmistificar o que é viver no espectro autista e para externar as realidades diversas e necessidades da comunidade, que têm se intensificado durante a pandemia.
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A primeira ideia que se abandona é de que o autismo é uma doença e que tem cura. Além disso, é comum também associar o autismo à infância; mas essas crianças crescem e viram adultos e idosos. A fonoaudióloga Dryelle Azevedo reforça que pessoas autistas podem ter autonomia e serem protagonistas da própria vida, tendo suas devidas necessidades atendidas. “O autista tem total capacidade de estudar, se formar, viver relações amorosas, constituir sua família e estar pleno no mercado de trabalho”, enfatiza.
A pandemia, porém, tem atingido a todos de maneiras distintas. A profissional explica que têm observado através de perfis de autistas adolescentes e adultos que, se por um lado o isolamento não afetou tanto alguns, por já evitarem o contato social naturalmente; por outro, a quebra da rotina desorganizou outros. "Para pessoas com autismo, a rotina é muito importante, então quando muda algo, como ir no trabalho, na universidade, de certa forma eles precisam buscar alternativas para se reorganizarem e se readaptarem", explica.
Se tratando das crianças, o isolamento social tem causado impactos na comunicação, comportamento e no desenvolvimento da fala, algo que acontece também com as crianças típicas, e especialmente com as neurodiversas. Geralmente as dificuldades na comunicação das crianças com TEA envolvem: compreender, seguir comandos, entender e usar as palavras. Manter conversação e usar gestos, apontar ou acenar, são outras.
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A profissional explica que a falta de vivências, contato com outros ouvintes e falantes, e principalmente a falta de um ambiente estimulador como a escola, são alguns dos principais motivos.
“É importante que, nesse momento, elas continuem com os atendimentos terapêuticos; e que, em casa, a família seja o principal estimulador dessa troca social", e sugere momentos em família como comer juntos e brincar. Além disso, esse período têm sido de maior exposição ao uso de telas, e ela explica que esse uso não pode ser desregrado, porque também podem gerar consequências no comportamento das crianças e na interação social delas.
A terapeuta ocupacional Cláudia Guerra explica que a pandemia também mexeu com a rotina dos pais, por terem que lidar com home office, filhos e tarefas domésticas, ou trabalharem fora e não poderem dar o devido suporte.
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"Antes as crianças tinham uma carga horária extensa de atividades, e agora ficam mais ociosas por não terem o direcionamento adequado, e isso gera ansiedade e desorganização”, explica. Um reflexo disso, por exemplo, são os relatos de autistas e familiares sobre a intensificação de estereotipias, movimentos repetitivos realizados pelas pessoas autistas quando estão em situação de estresse ou ansiedade.
As profissionais reforçam a importância de estabelecer uma rotina diária, realizar atividades escolares, incluir os filhos nas atividades da casa e estimular a fala através de leituras, brincadeiras com músicas e jogos. Nas redes sociais, Dryelle se comunica através do Instagram @fono_dryelleazevedo com dicas, alertas e cuidados importantes relacionados ao autismo e outras deficiências como a Síndrome de Down e o Transtorno do Déficit de Atenção com hiperatividade.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga