O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, foi chamado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados para dar explicações sobre a venda da Landulpho Alves (RLAM), refinaria da estatal na Bahia.
O negócio, que também está na mira do Tribunal da Contas da União (TCU), está sob suspeita pois foi fechado por cerca da metade do valor que a própria companhia havia definido.
A intenção é que Castello Branco seja ouvido em audiência pública, ainda sem data definida, proposta pelo deputado Jorge Solla (PT-BA).
O convite foi estendido a Deyvid Bacelar, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), e a representantes do TCU, da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) e da Associação Nacional dos Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro). Como é um convite, e não uma convocação, não há a obrigação de comparecimento.
A venda da Refinaria Landulpho Alves para o fundo de investimento Mubadala foi confirmada no final de março pelo valor de US$ 1,65 bilhão, o equivalente a R$ 8,9 bilhões. A própria Petrobras havia definido preço de US$ 3,04 bilhões, cerca de R$ 17 bilhões.
“Até a turma da XP Investimentos, que quer privatizar tudo, viu que tem coisa errada aí. O presidente da Petrobras foi questionado sobre essa venda pelos engenheiros e funcionários da Petrobras, e sua carta com esclarecimentos deixou mais dúvidas do que resposta. Metade do valor é um deságio que não faz absoluto sentido”, disse Solla.
“Sempre fomos contra essa venda por concepção, por entender que nossas refinarias garantem nossa soberania energética nacional. Vendê-las é render o país a essa política de preços estúpida, em que conseguimos extrair e refinar petróleo muito barato. Mas na bomba o consumidor paga o mesmo preço que se paga em Nova York ou em Londres, em dólar, quando nossa renda é em real. Isso quebra qualquer país”, complementou Solla.
TCU também de olho
O Tribunal de Contas da União (TCU) também quer explicações sobre a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM). Após denúncia do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), o colegiado vai analisar o caso e emitir um parecer. A denúncia pede a suspensão imediata do negócio.
Os petroleiros também entraram com ação popular na Justiça Federal da Bahia contra a venda. Nessa ação, são apoiados pelos senadores Jaques Wagner (PT-BA), ex-governador da Bahia, e Otto Alencar (PSB-BA), atual presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.