O envase da vacina CoronaVac pelo Instituto Butantan, produzida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, deve ser normalizado nas próximas duas semanas. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), informou, nesta quinta-feira (8), que receberá da China, até o dia 20 de abril, cerca de 3.000 litros do insumo, atualmente em falta e que levou à suspensão do envase.
Até o fim do mês, um segundo carregamento deve chegar com mais três mil litros, possibilitando, no total, a produção de 10 milhões de doses. Desde janeiro deste ano, o Butantan entregou cerca de 38,2 milhões de doses para o Plano Nacional de Imunização. Com a chegada do novo carregamento será possível completar as 46 milhões de doses, prometidas no Ministério da Saúde até o dia 30 de abril.
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AstraZeneca com CoronaVac?
A suspensão do envase levou à possibilidade de as pessoas entre 65 e 67 anos em São Paulo serem vacinadas com o imunizante da Oxford-AstraZeneca, produzido no Brasil pela Fiocruz, conforme também anunciou o governador João Doria.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP), isso vai depender da disponibilidade de cada vacina. "Desde o início da campanha em São Paulo, todos os novos públicos têm sido definidos de acordo com a perspectiva do envio de mais doses da vacina. Não foi diferente para definir a data de imunização dos idosos entre 65 e 67 anos que sim, conta com a promessa de entrega de doses ao Plano Nacional de Imunização (PNI) pela Fiocruz, isso não significa que este público será imunizado exclusivamente com este imunizante."
Coágulos sanguíneos
Na primeira quinzena de março, Dinamarca, Noruega e Islândia suspenderam o uso da vacina da AstraZeneca após relatos de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com o imunizante. Segundo a Agência de Medicamentos Europeia, o órgão regulador da União Europeia, no entanto, os coágulos devem ser vistos como efeitos colaterais muito raros, e, por isso, recomendou que o imunizante continue segundo utilizado.
Ao todo, foram identificados 79 casos de coágulos sanguíneos no Reino Unido, em um universo de 21 milhões de doses da AstraZeneca aplicadas. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde de março, a ocorrência de efeitos colaterais graves representa 0,007% de todas as vacinas aplicadas.
Sputnik V em impasse na Anvisa
Nesta quinta-feira (8), o presidente do Consórcio de Governadores do Nordeste para o Enfrentamento à Covid-19 e governador do Piauí, Wellington Dias (PT), pressionou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a liberar o uso emergencial de 66 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, em entrevista à CNN Brasil.
“O que que queremos? O cumprimento da lei 124, de 2021. [O Congresso Nacional] adotou uma medida em que é possível a autorização excepcional. É dado um prazo de sete dias úteis, normalmente nove dias corridos, quando uma vacina já foi aprovada por uma agência reguladora daquela lista que o Congresso Nacional já reconheceu. É o caso da Sputnik. Ela já está em uso em 58 países, como Argentina, México, Hungria, Bolívia”, afirmou Dias.
O pedido para uso emergencial da Sputnik V foi protocolado na Anvisa no dia 25 de março pela União Química. No entanto, a agência reguladora interrompeu o prazo de sete dias para análise por falta de informações técnicas sobre segurança e eficácia do imunizante.
Sobre isso, o governador do Piauí afirmou que a Argentina, país onde o imunizante já é aplicado, encaminhou dados para auxiliar a análise da Anvisa. “Eu mesmo, agora, com a equipe do consórcio nordeste, tratei com a doutora Cecília Nicolino, que é da Argentina e trabalha essa relação lá dentro do governo em relação à Sputnik assessorando o presidente Alberto Fernández, e de muito boa vontade ela já encaminhou o relatório que eles têm para ajudar a Anvisa com estudos técnicos, mostrando que ela é segura, com pouco efeito colateral, como também com um poder de imunização muito elevado. É tudo o que o Brasil precisa.”
Escassez de imunizantes e a quebra de patentes
No Brasil, com a escassez de vacinas, o debate de quebra de patentes ganha cada vez mais força. Segundo o consórcio dos veículos de imprensa, até às 20h desta quinta-feira (8), 22.170.108 pessoas já receberam a primeira dose da vacina, o que representa cerca de 10,47% da população brasileira. Já a segunda dose foi aplicada em 6.357.779 pessoas (3% da população). No total, 28.527.887 doses foram aplicadas.
Nesse ritmo, considerado lento, o Brasil demoraria cerca de quatro anos para imunizar toda a população. Uma solução para acelerar a vacinação é a quebra de patentes dos imunizantes. O tema foi destaque no Congresso Nacional nesta quinta-feira e deve ir à votação na próxima semana. No Senado, tramita o Projeto de Lei (PL) 12/2021, cujo objetivo é suspender temporariamente os direitos de propriedade sobre imunizantes que agem contra o novo coronavírus.
Edição: Vinícius Segalla