A Bolívia realiza, neste domingo (11), o segundo turno das eleições regionais para definir os governadores de quatro estados: La Paz, Tarija, Pando e Chuquisaca. O presidente Luis Arce votou pela manhã, na capital La Paz, e reafirmou a importância do pleito para a democracia do país.
"Cumpramos com nosso dever cívico, acudindo às urnas em todo o país. Bolívia é referência de democracia durante a pandemia", declarou.
Arce reiterou seu repúdio ao papel da Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), que promoveu a anulação das eleições gerais de 2019.
"Mantemos nossa posição: somos muito críticos ao papel que desempenhou a OEA no golpe de Estado de novembro de 2019. Enquanto mantenham uma posição dessa natureza na região, nós não vamos comparecer a nenhuma reunião em que a OEA estiver presente", afirmou o chefe de Estado boliviano.
Histórico
Um relatório da Missão de Observação da OEA, que indicava "preocupação por uma mudança abrupta" nos resultados preliminares das eleições gerais da Bolívia, em 2019, abriu caminho para uma narrativa de fraude eleitoral por parte de grupos radicais da direita boliviana.
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Após a renúncia forçada do então presidente Evo Morales, estudos independentes comprovaram que os resultados finais seguiam a tendência das prévias e, portanto, não havia elementos para acusar fraude.
Morales e Álvaro García Linera, do Movimento Ao Socialismo (MAS), foram reeleitos por quarta vez consecutiva em outubro de 2019.
O processo do golpe de Estado na Bolívia está sendo investigado pelo Ministério Público, que já resultou na prisão preventiva da ex-presidenta Jeanine Áñez e três ex-ministros.
Assim como Arce, seu vice, David Choquehuanca votou pela manhã no município de Huarina, em La Paz. "Compareçam às urnas em paz e respeitemos as autoridades que serão eleitas nesta jornada eleitoral", declarou.
O presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, Salvador Romero, também fez um paralelo entre o pleito atual e a eleição de 2019.
"Este ciclo eleitoral esteve marcado por uma etapa difícil, que incluiu a anulação de uma eleição geral e destruição de quase metade da infraestrutura dos tribunais regionais. Os ecos dessa confrontação entre bolivianos ainda ressoam em antagonismos e polarizações", comentou o presidente do poder eleitoral.
No primeiro turno, realizado em 7 de março, o MAS venceu na maioria das regiões. Caso saia vitorioso nos três estados, nos quais é favorito (Pando, La Paz e Tarija), poderá se consolidar novamente como principal força política da Bolívia, um ano após o golpe.
Edição: Daniel Giovanaz