“Neste quadro de estrutural desigualdade, a chegada de uma crise econômica como advento de uma crise de saúde pública – que, em seu conjunto, tem sido chamada de “coronacrise” – exacerba as características de exclusão da sociedade brasileira: se em momentos de “bonança” negros e negras se encontram em um patamar mais vulnerável em termos de garantias de emprego, renda e acesso aos direitos sociais, em momentos de crise – sem que medidas eficazes sejam tomadas – negros e negras também se veem mais prejudicados.”
"A cor/raça dos trabalhadores mais afetados na "coronacrise", março de 2020"
Na década de 1990, na luta de combate ao racismo e contra os mecanismos de exclusão da população negra advindos do neoliberalismo e da globalização em curso naquele momento no Brasil e no mundo, surgiu a CONEN (Coordenação Nacional de Entidades Negras).
É construída a partir de uma articulação das organizações participantes do I Encontro Nacional de Entidades Negras – ENEN, realizado na cidade de São Paulo, em novembro do ano de 1991.
A CONEN consolidou-se como uma instância nacional e em um espaço de construção da unidade na ação das centenas de entidades negras, presentes em todo o território nacional, que acompanham a sua orientação, respeitando a visão política de cada uma delas, as diferenças regionais e a realidade de vida da população negra onde estão localizadas. É marcante a presença da CONEN no cenário nacional e internacional da luta de combate ao racismo, no Brasil e no mundo.
O momento político e os números da pandemia em 2021
A CONEN comemora seus 30 anos de existência diante de uma conjuntura de retrocessos e retirada de direitos implementados por um projeto ultraneoliberal de um governo de extrema-direita, marcado por ataques à democracia e à destruição de direitos, pelo aumento das desigualdades, da violência, do desemprego, da carestia dos alimentos, da fome e da pobreza.
Um governo genocida e negacionista da ciência, que, frente a uma crise sanitária da covid-19, brinca e joga com a vida e a morte da população brasileira e empurra o Brasil para o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história.
A triste realidade é que nesse mês de abril, diante da dificuldade da população de manter-se em isolamento social, a circulação no país de novas variantes mais contagiosas e a falta de vacinas para imunizar os brasileiros, haja uma explosão de casos e mortes, com os óbitos ultrapassando a barreira dos 4.000 por dia e o número de mais de 350.000 mortes acumuladas desde o início da pandemia.
Salvar vidas e garantir direitos para a população negra
Para aprofundarmos esse debate na CONEN, nos movimentos negros e de mulheres negras, nos partidos do campo democrático e popular, centrais sindicais, na Convergência Negra e nas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, novamente solicitamos a contribuição da Ana Luiza Matos de Oliveira, uma companheira antirracista que tem contribuído com a formação e formulação política da CONEN no Estado de São Paulo.
Ana Luiza, um ano depois do início da pandemia, atualiza um texto divulgado pela CONEN em março de 2020, agora com maior destaque sobre os impactos da covid-19 na vida das mulheres negras. A esse respeito recomenda-se também ler a pesquisa Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia, realizada pela Gênero e Número e a SOF - Sempreviva Organização Feminista.
O artigo "A ampliação das desigualdades raciais com a covid-19", escrito pela economista e pesquisadora Ana Luíza Matos de Oliveira, foi publicado no Brasil de Fato no último dia 5 de abril e demonstra que nem a situação estrutural, nem a pandemia são democráticas, seja do ponto de vista social, étnico e de gênero.
Salvar vidas e garantir direitos para a população negra
Tomar vacina
Defender o SUS
Lutar para o Fora Bolsonaro
Edição: Poliana Dallabrida