Mobilização

Acampamento Terra Livre compõe "Abril Indígena" com eventos online pela 2ª vez

De forma inédita, evento tem duração de 25 dias; programação ocorre virtualmente pela segunda vez por conta da pandemia

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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ATL ocorre há 17 anos e se firmou ao longo do tempo como mobilização nacional de referência para comunidades tradicionais, especialistas e apoiadores - Apib/Divulgação

Considerado como a maior mobilização indígena do Brasil, o Acampamento Terra Livre (ATL) segue até o próximo dia 30 com uma série de atividades que evocam o tema “A nossa luta ainda é pela vida, não é apenas um vírus”. Pela primeira vez, o evento, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), tem duração de 25 dias.

A mobilização está em sua segunda semana e integra as atividades do chamado “Abril indígena”, calendário de ações que a cada ano intensifica o debate sobre os direitos das comunidades tradicionais. O evento reúne lideranças do segmento das cinco regiões do país e  traz lives, homenagens, rezas, entre outras agendas.

O ATL ocorre há 17 anos e se firmou ao longo do tempo como uma mobilização de referência para comunidades, especialistas e apoiadores. E, por conta dos riscos impostos pela crise sanitária, o evento vive este ano a sua segunda edição virtual.

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O roteiro completo da programação está disponível https://apiboficial.org/atl2021/ e nas redes sociais da organização nas páginas do Facebook da Apib (“apiboficial”), da Mídia Índia (midiaindiaoficial) e do coletivo Mídia Ninja (midianinjaoficial). 

Pandemia

O debate em torno das consequências da pandemia tem sido uma constante no movimento indígena, que reivindica maior atenção do Estado na garantia dos direitos das diferentes populações.

Dados do Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena da Apib mostram que os efeitos da crise sanitária foram drásticos para o segmento: mais da metade dos 305 povos registrados no Brasil sofreram algum nível de afetação. Ao todo, o saldo de contaminados pelo vírus foi de 50 mil pessoas, enquanto os óbitos chegaram à marca de 1.031 até o último dia 4.

Um relatório produzido pela Apib aponta o governo Bolsonaro como “principal agente transmissor da covid-19 entre os povos indígenas” por conta da falta de políticas públicas direcionadas ao segmento para conter a crise.

A entidade demanda, por exemplo, o fornecimento de insumos e treinamentos voltados à segurança sanitária dos funcionários e usuários da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que está sob o guarda-chuva do Poder Executivo federal.

Edição: Vinícius Segalla