Logística e escassez

Últimas notícias da vacina: menos de 50% das capitais receberão doses da Pfizer

Governo já desembolsou R$ 1,13 bilhão, mas ainda não recebeu doses, que devem chegar apenas na última semana de abril

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Para ser transportado com segurança, o imunizante da Pfizer requer uma temperatura de -60°C, o que dificulta a logística
Para ser transportado com segurança, o imunizante da Pfizer requer uma temperatura de -60°C, o que dificulta a logística - FREDERIC SIERAKOWSKI / POOL / AFP

Menos de 50% das capitais brasileiras receberão doses do imunizante da empresa farmacêutica estadunidense Pfizer produzida em parceria com a alemã BioNTech, de acordo com dados do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)

Cerca de um milhão de doses da vacina devem chegar no Brasil na última semana de abril, mas, por demandarem uma temperatura de -60°C para serem transportadas com segurança, apenas municípios com estrutura para tal irão recebê-las.

“Esse primeiro lote deve ser somente para as capitais, devido à necessidade de estrutura para armazenamento e logística”, afirmou o secretário-executivo do Conasems, Mauro Junqueira, em entrevista ao Correio Braziliense. “O ministério está conversando junto conosco, até porque o número de doses ainda é pequeno, e a gente deve concentrar nas capitais, nas maiores cidades”, completou.

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Depois que a entrega de 1 milhão de doses for realizada, há a previsão de recebimento de novos lotes para maio e junho, somando 15,5 milhões.

Em pronunciamento feito na semana passada, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que “uma boa notícia é justamente a antecipação de doses da vacina Pfizer, fruto de uma ação direta do presidente da República Jair Bolsonaro com o executivo principal da Pfizer, que resulta em 15,5 milhões de doses da Pfizer já no mês de abril, maio e junho”.

Pago, mas não recebido

A vacina Pfizer/BioNTech foi a primeira a conseguir o registro sanitário definitivo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que difere da autorização para uso emergencial. Também foi um dos únicos imunizantes a serem pagos pelo Ministério da Saúde, mas que, até o momento, não chegaram em solo brasileiro. 

No dia 31 de março houve um pagamento adiantado, previsto em contrato com a farmacêutica estadunidense, de pouco mais de US$ 200 milhões, o equivalente a R$ 1,13 bilhão, para a aquisição de 100 milhões de doses da Pfizer, segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo.

Até o momento, apenas duas vacinas contra a covid-19 estão sendo distribuídas pelo país: a Coronavac, produzida entre o Instituto Butantan e a biofarmacêutica chinesa Sinovac; e o imunizante feito em parceria entre a farmacêutica britânica AstraZeneza e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Somando as duas, são mais de 50 milhões de doses distribuídas.

E a Sputnik V?

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, publicou na última segunda-feira (19), uma decisão que autoriza o estado do Ceará a comprar diretamente a vacina russa Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya, caso a Anvisa não se manifeste sobre a autorização para o uso do imunizante no Brasil até o dia 29 de abril. 

"Ultrapassando o prazo legal, sem a competente manifestação da Anvisa, estará o Estado do Ceará autorizado a importar e a distribuir o referido imunizante à população local, sob sua exclusiva responsabilidade, e desde que observadas as cautelas e recomendações ao fabricante e das autoridades médicas", determinou Lewandowski em decisão judicial.

No dia 12 de abril, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), informou que entraria com uma ação no STF solicitando a liberação de 5,87 milhões de doses da vacina Sputnik V pela Anvisa. Nas redes sociais, o governador afirmou que "a Sputinik V já é utilizada em cerca de 60 países, com eficácia de 91,6%. Iremos a todas as instâncias possíveis para que as vacinas que adquirimos cheguem o mais rápido possível para imunizar nossa população".

O estado oficializou a compra das 5,87 milhões de doses no dia 19 de março junto ao Fundo Soberano Russo. A compra fez parte de um acordo do Consórcio Nordeste, formado pelos nove estados da região nordeste, que estabeleceu a compra de 39 milhões de doses da Sputnik V.

A compra também foi autorizada pela Assembleia Legislativa do Ceará e pelo STF, em caso de descumprimento do Plano Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde.

Mais 30 milhões de doses da CoronaVac

Seguindo como o imunizante mais distribuído no país, mais 30 milhões de doses da CoronaVac foram adquiridas na segunda (19), conforme anunciou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). As doses, no entanto, devem ser aplicadas somente no estado de São Paulo.

Com isso, a partir de outubro deste ano, haverá a possibilidade de concluir "a totalidade da vacinação em São Paulo, de todas as pessoas que podem ser vacinadas", até dezembro de 2021. Da totalidade de vacinas distribuídas no país, 85% delas são de CoronaVac.

Vacinação e pandemia no Brasil

Segundo o último balanço do consórcio de veículos de imprensa, até às 20h de segunda (19), 26.654.459 pessoas receberam a primeira dose do imunizante contra a covid-19, seja do Instituto Butantan ou da Fiocruz. O número pode parecer expressivo, mas representa apenas 12,59% da população brasileira.

No mesmo período, 10.131.323 pessoas receberam a segunda dose, ou seja, somente 4,78% da população do país. No total, foram aplicadas 36.785.782 de doses.

Paralelamente, o Brasil registrou 1.347 óbitos nas últimas 24 horas, até às 18h desta segunda-feira (19), segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Com isso, o país acumula 374.682 mortes ocasionadas pela doença desde o início da pandemia. 

Com relação ao número de casos, foram 30.624 novos infectados no mesmo período, totalizando 14 milhões de casos também desde o início da pandemia.

Edição: Poliana Dallabrida