Até a última quarta-feira (22), o programa Covax Facility, consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) com mais de 170 países que permite o acesso a uma cartela com nove imunizantes, entregou 40,2 milhões das 187,2 milhões de doses que planeja distribuir até o final de maio deste ano. Em números percentuais, o índice representa 21,5% do total, de acordo com um levantamento feito pelo jornal britânico The Guardian.
Já o Brasil recebeu até agora somente uma de cada dez doses que espera receber até o próximo mês, junto com a Indonésia. Bangladesh, México, Mianmar e Paquistão não receberam nenhuma das doses previstas pelo consórcio. Do outro lado, pequenos países como Moldávia, Tuvalu, Nauru e Dominica receberam toda a quantia que lhes foi destinada.
O jornal aponta como possíveis fatores para este cenário o custo de proibições de exportação e a escassez de insumos e outros suprimentos. Também, em janeiro deste ano, a Índia restringiu por dois meses a exportação de vacina de seu maior fabricante, o Serum Institute of India (SII), para priorizar a população indiana, que sofre com o atual colapso de saúde.
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"Recebemos uma licença restrita apenas para dar e fornecer (a vacina) ao governo da Índia, porque eles querem priorizar os segmentos mais vulneráveis e necessitados", disse o CEO do SII, Adar Poonawalla, à CNN norte-americana, na época.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (12), os ministérios da Saúde e das Relações Exteriores informaram que o Brasil irá receber em junho deste ano 842.800 doses da vacina da Pfizer por meio do consórcio. A quantidade, no entanto, não representa nem 1% das 42,5 milhões de doses contratadas por meio da iniciativa. "O ministério da Saúde tem 42,5 milhões de doses de vacinas contratadas com a Covax Facility. A quantidade é suficiente para vacinar 10% da população brasileira", informa a nota.
Novos resultados da vacina Covaxin
O laboratório indiano Bharat Biotech e o Conselho de Pesquisa Médica da Índia (ICMR) informaram, nesta quinta-feira (22), que o imunizante Covaxin apresentou uma eficácia geral de 78% para os casos sintomáticos da doença de covid-19 e 100% nos casos graves. Os resultados foram provenientes da fase 3 de testes clínicos, que contou com a participação de 25,8 mil voluntários indianos entre 18 e 98 anos.
"Devido ao recente aumento de casos, 127 casos sintomáticos foram registrados, resultando em uma estimativa de eficácia da vacina de 78% em casos de covid-19 leve, moderada e grave. A eficácia contra a doença grave foi de 100%, com impacto na redução das hospitalizações. A eficácia contra a infecção assintomática foi de 70%, sugerindo uma diminuição da transmissão em pessoas vacinadas com a Covaxin", afirmaram as organizações, em nota.
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O ministério da Saúde do Brasil fechou um contrato com a empresa para receber 20 milhões de doses que deveriam ser entregues ainda em abril. No entanto, no final de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recusou as solicitações de importação e uso emergencial da Covaxin. De acordo com o órgão, houve o descumprimento de regras sobre boas práticas de produção, como problemas na documentação, na metodologia de análise e para "esterilização, desinfecção, remoção ou inativação viral".
Novas doses de AstraZeneca e CoronaVac
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou nesta quarta-feira (21) que serão entregues 5 milhões de doses do imunizante produzido em parceria com a Universidade de Oxford e o laboratório britânico AstraZeneca até esta sexta-feira (23) ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do ministério da Saúde.
Na semana passada, também foram enviadas ao PNI 5 milhões de doses. Para a próxima semana, estão previstas mais 6,7 milhões de doses, totalizando 18 milhões de doses no mês de abril. Depois, a parceria deve enviar 21,5 milhões de doses, em maio; 34,2 milhões, em junho; e 22 milhões, em julho. A meta é produzir 100,4 milhões de doses.
O Instituto Butantan também informou que irá entregar 5,3 milhões de doses do imunizante CoronaVac, produzido em parceria com o laboratório chinês Sinovac, até a primeira semana de maio, após receber 3 mil litros de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da China na última segunda-feira (19).
Com as 5,3 milhões de doses ainda a serem entregues, o Instituto Butantan irá atingir a quantidade prometida no acordo com a pasta: cerca de 46 milhões de doses. Desde 17 de janeiro deste ano, o Butantan já enviou ao PNI 41,4 milhões de doses da CoronaVac.
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Seguindo como o imunizante mais distribuído no país, mais 30 milhões de doses da CoronaVac foram adquiridas na última segunda-feira (19), conforme anunciou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). As doses, no entanto, devem ser aplicadas somente no estado de São Paulo.
Com isso, haverá a possibilidade de concluir "a totalidade da vacinação em São Paulo, de todas as pessoas que podem ser vacinadas", até dezembro de 2021. Da totalidade de vacinas distribuídas no país, 85% delas são de CoronaVac.
Carteira Nacional Digital de Vacinação
O Ministério da Saúde lançou a Carteira Nacional Digital de Vacinação para monitorar todas as vacinações no Brasil, incluindo a imunização contra a covid-19. Para acessar a ferramenta, é necessário acessar o site ou baixar o aplicativo do Conecte SUS. Aqueles que forem cadastrados, assim que receberem a primeira dose contra o novo coronavírus, por exemplo, terão a aplicação registrada. Assim, é possível consultar o tipo de vacina aplicada, o lote de fabricação e o dia exato de aplicação da segunda dose.
Para realizar o cadastro do Conecte SUS é preciso apenas informar o número do CPF ou da Carteira Nacional de Saúde.
Vacinação no Brasil
O fim da imunização de 77 milhões de pessoas de grupos prioritários deve terminar apenas em setembro deste ano, de acordo com uma previsão feita pelo Ministério da Saúde. Até a primeira quinzena de julho, espera-se a conclusão da aplicação da primeira dose.
Segundo o último balanço do consórcio de veículos de imprensa, até às 20h desta quarta-feira (21), 27.523.231 pessoas receberam a primeira dose de vacina contra a covid-19. O número representa 13% da população brasileira. Já em relação à segunda dose, foram feitas 10.947.310 de aplicações, ou seja, 5,17% da população. No total, foram aplicadas 38.470.541 doses.
O Brasil registrou, nesta quarta-feira (21), 3.472 mortes em decorrência da pandemia de covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ao todo, já morreram 381.475 brasileiros em decorrência do novo coronavírus. No mesmo período, foram 79.719 novos casos de infecção, totalizando 14.122.795 pessoas contaminadas desde o início da pandemia.
Edição: Vinícius Segalla