Podem mexer, remexer, virar, revirar, distorcer ou fingir que nada aconteceu. Mas o debate que permeou a criação da Superliga Europeia de Clubes lembrou toda a estrutura excludente, esdrúxula e dissimulada da Copa União de 1987. Os próprios argumentos de atropelar o sentido de “méritos esportivos” por maior rentabilidade financeira foram repetidos entre os 13 brasileiros e 12 europeus 34 anos depois.
É curioso como críticos ferrenhos e controversos do legítimo título do Sport em 1987 não tiveram um posicionamento nítido sobre a proposta européia. Tem gente por aí que é desrespeitosa e parcial contra o primeiro título de um clube nordestino, ao mesmo tempo que agora prega comedimento e “análise completa” sobre a Superliga. Quem ler verá!
O caso resgata também um questionamento antigo que foi feito aqui nesta coluna. Imagina se os doze clubes “decretam” que o Campeão do Mundo deve sair apenas entre os doze europeus ano a ano? Um argumento do tipo “somos os maiores do mundo e não jogaríamos com o campeão da Libertadores nem que assim fosse o regulamento”. O Flamengo ou outro clube da América acharia justo?
Infelizmente, no país pentacampeão do mundo, ainda é necessário destacar o pensamento colonizado para ressaltar as mazelas de um elitismo que, vez por outra, se acha o centro do universo.
*Daniel é torcedor do Sport