Sustentabilidade

Programa Bem Viver aborda temas como saúde planetária, agrotóxicos e cinema indígena

A relação entre os destaques da edição propõe a urgência de novas práticas e olhares para a defesa da vida

Ouça o áudio:

"Não há planeta B" - saúde planetária é tema de encontro internacional que acontece na Universidade de São Paulo. - Markus Spiske/ Unsplash
Não podemos trocar um sistema de exploração por outro sistema de exploração

Mudanças substanciais e duradoras na sociedade, que garantam respeito às comunidades e ao meio ambiente, só ocorrerão se estiverem pautadas em valores humanos. Esta é uma das principais defesas dos especialistas que participam da quarta edição do Encontro Anual sobre Saúde Planetária, promovida pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com organização internacional Aliança de Saúde Planetária (Planetary Health Alliance).

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O evento está na pauta do programa Bem Viver desta quinta-feira (29), que entrevista o organizador da edição deste ano do Encontro Anual sobre Saúde Planetária, Antonio Mauro Saraiva, professor da Escola Politécnica da USP.

“A gente insiste muito que se não houver valores humanos envolvidos vamos vai trocar 'seis' por 'meia dúzia': vamos trocar um sistema de exploração por outro sistema de exploração. Então valores humanos são fundamentais”, disse Saraiva. 

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O evento, que reúne 4.700 pessoas de 28 países, busca discutir o impacto das ações humanas no planeta e a utilização predatória e insustentável dos recursos naturais. A proposta é apresentar ideias práticas que contribuam para a proteção do meio ambiente e para o desenvolvimento justo da sociedade humana.

"A saúde planetária discute como a sociedade humana impacta no planeta e como isso retorna para a gente. Em geral isso ocorre de jeito muito enviesado, como com o aquecimento global, ondas de frio e até a pandemia de covid-19. Tudo isso são reflexos de falta de saúde planetária", disse Saraiva.

Esta é a primeira vez que o evento ocorre fora do eixo Europa-Estados Unidos. As atividades deste ano tiveram início no último domingo (25) e seguem até esta sexta-feira (30), de forma gratuita e virtual. Todo o material produzido, incluindo as mesas de discussão, ficarão disponíveis na plataforma da iniciativa: planetaryhealthannualmeeting.com

Agrotóxicos

A edição também destacou o relatório “Agrotóxicos na América Latina: violações contra o direito à alimentação e à nutrição adequadas”, produzido pela organização não-governamental Fian, que defende o direito humano à alimentação. O documento afirma que governos de diferentes países são responsáveis pela expansão do uso de agrotóxicos e pelos danos causados por eles ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores e dos consumidores.

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Segundo o estudo, o uso de agrotóxicos viola o direito à alimentação e causa perda de soberania, colapso ecológico, danos à saúde dos trabalhadores, aumento da dependência da importação de alimentos e remoção de comunidades rurais.

Cinema indígena

O Bem Viver também traz o pré-lançamento do documentário “A Última Floresta”, de Luiz Bolonesi, que conta em detalhes a realidade do povo Yanomami, que vive no extremo norte do Brasil e em parte da Venezuela. A produção foi apresentada neste mês e foi feita em parte por indígenas da região, incluindo o roteirista e co-diretor Davi Kopenawa, uma das lideranças mais respeitadas no mundo.

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Kopenawa foi um dos primeiros indígenas a atuar politicamente pelo direito dos povos da floresta. Desde a década de 1970, o líder indígena se envolveu com a Fundação Nacional do Índio (Funai) para negociar demarcações de terras e acesso dos indígenas a programas sociais. Ao longo de sua trajetória, atuou em Brasília e também fora do país, tendo participado de diversos encontros nos Estados Unidos e Europa. Hoje, o trabalho está nas mãos de seu filho, Dario Kopenawa.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Daniel Lamir