O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou, nesta sexta (7), um requerimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid para que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello apresente resultado de exame para detecção do novo coronavírus.
O pedido vem após denúncia feita pelo jornal O Estado de S. Paulo de que o general do Exército se reuniu presencialmente na quinta-feira (6) com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, em Brasília (DF).
O encontro dos dois foi o capítulo posterior ao não comparecimento de Pazuello à CPI para prestar depoimento, agendado inicialmente para quarta (5).
O ex-ministro alegou ao colegiado que, nos dias anteriores, teria tido contato com duas pessoas infectadas pela covid. Com base nisso, sugeriu que o depoimento ocorresse de forma virtual ou fosse adiado para 15 dias depois.
Os membros da CPI acabaram optando pelo interrogatório presencial e pela consequente remarcação do depoimento, agora agendado para o dia 19, e o não comparecimento de Pazuello despertou uma série de críticas no mundo político e nas redes sociais.
A reportagem do Estadão mostrou também que o ex-ministro foi visto, na quinta (6), transitando sem máscara pelo hotel onde mora . Ele ainda chegou a se dirigir à recepção do local para fazer chamadas.
A orientação sanitária para pacientes com covid ou que tiveram contato com infectados é de que seja feito um isolamento de 14 dias, período em que a doença pode vir a se manifestar. O comportamento de Pazuello teve ressonância no ambiente político do Senado, resultando no pedido feito nesta sexta por Randolfe.
“Não instalamos uma CPI de brincadeira. Devemos respostas às mais de 400 mil famílias que perderam seus entes e queremos soluções para o fim dessa crise”, disse o líder da oposição pelo Twitter, logo após protocolar o requerimento.
Pazuello esteve à frente do Ministério da Saúde entre maio de 2020 e março deste ano, quando foi exonerado após longo processo de desgaste por conta da má condução da pandemia.
Análise
O pedido do senador Rodrigues ainda precisará ser votado pelos membros da CPI, mas tem tendência de aprovação. A comissão tem apenas quatro titulares governistas e sete que se classificam como senadores “independentes” ou de oposição.
Este último bloco pressiona o jogo político no sentindo das investigações sobre ações, omissões e eventuais crimes da gestão Bolsonaro na pandemia, objeto principal de análise da comissão. As tarefas da CPI também incluem apurações sobre repasses federais a governos e prefeituras.
Edição: Leandro Melito