Organizações brasileiras em defesa da democracia e dos direitos humanos enviaram uma carta aberta ao Estado colombiano, na última quinta-feira (6), cobrando a responsabilização dos agentes responsáveis por reprimir manifestantes que ocupam as ruas do país desde o último dia 28.
"Segundo as informações que recebemos, de 28 de abril a 5 de maio ocorreram quase 1,7 mil casos de violência policial, mais de 800 prisões arbitrárias, mais de 30 assassinatos de defensores e defensoras de direitos humanos pela polícia, além de vítimas de violência sexual pelas forças públicas e denúncias de desaparecimentos", diz a carta.
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Assinam o texto a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), a Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil (AMDH) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH Brasil).
Ao se solidarizar com os manifestantes, as organizações dizem que "é urgente que o Estado colombiano abandone a lógica de guerra para sufocar protestos sociais legítimos de cidadãos e cidadãs desarmados."
O motivo central das manifestações foi uma proposta de reforma tributária apresentada em abril pelo presidente Iván Duque ao Congresso. O governo propunha aumentar impostos sobre consumo de produtos e serviços, onerando a classe média e a classe trabalhadora.
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Diante dos protestos que tomaram as ruas de cidades como Bogotá e Cáli, Duque recuou e retirou a proposta. Mesmo assim, milhares de pessoas continuam nas ruas cobrando a desmilitarização do governo e o fim das políticas neoliberais.
A ABJD, a AMDH e o MNDH Brasil pedem "uma investigação imparcial e rigorosa por parte de organismos independentes e uma efetiva ação de justiça que culmine em responsabilização." As organizações brasileiras convocam ainda os Estados da região e os mecanismos de defesa de direitos humanos das Nações Unidas a tomar "posições duras e fortes" contra os autores dos crimes contra os cidadãos colombianos.
Na manhã de quinta (6), Duque convocou uma mesa de diálogo com o Comité Nacional del Paro, organização que se propõe a representar o conjunto dos manifestantes. O governo pretende colocar um ponto final nas manifestações em uma reunião na próxima segunda-feira (10).
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A Coordenação Nacional Agrária (CNA), que reúne camponeses de todas as regiões do país, e o Congreso de los Pueblos, que congrega vários setores do movimento social colombiano, são contrários a essa mesa de diálogo. Para eles, Duque não merece a confiança da população e busca apenas desmobilizar os trabalhadores, estudantes e indígenas.
Organizações que não fazem parte do Comité Nacional del Paro e trabalhadores não vinculados a sindicatos ou movimentos populares continuam nas ruas com o slogan “que caia o mau governo”, pedindo o impeachment ou a renúncia de Duque.
Edição: Vivian Virissimo