tragédia sanitária

País supera 430 mil mortes por covid; transmissão em nível elevado preocupa Fiocruz

Aumento de casos está associado a relaxamento de medidas de distanciamento e pode voltar a pressionar sistema de saúde

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Sem isolamento, os casos de covid-19 tendem a crescer
Sem isolamento, os casos de covid-19 tendem a crescer - Sergio Lima / AFP

O Brasil superou a marca de 430 mil mortos por covid-19. Nas últimas 24 horas, foram registradas 2.383 vítimas, totalizando 430.417 desde o início da pandemia, em março de 2020. Com taxa de letalidade de 2,8%, o país é o segundo com maior número de mortos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Mas o cenário brasileiro é mais grave. Isso porque a taxa de contágio voltou a subir. Segundo o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), a média diária de novos casos de covid – calculada em uma semana – está em 61.489.

Somente nas últimas 24 horas, foram identificados 74.592 novos casos, totalizando 15.433.989 desde o início da pandemia. Já a média de mortes diárias está em 1.924, o terceiro dia abaixo de 2.000 após 55 dias de patamar superior. É a média mais baixa desde o dia 16 de março. Porém, a alta na curva de contágios pode representar aumento da sobrecarga do sistema de saúde e, mais adiante, de óbitos.

Enquanto os norte-americanos avançam com uma política agressiva e veloz de vacinação (35% da população totalmente vacinada e 45% já inoculada com a primeira dose), o Brasil segue com lentidão e atrasos na entrega de doses (7,31% totalmente vacinados e 15,36% com a primeira dose).

Nos últimos dias, estados e prefeituras têm alertado para um risco iminente de apagão de vacinas por falta de insumos. Por sua vez, o governo dos Estados Unidos anunciou a dispensa da obrigatoriedade do uso de máscaras para vacinados, incluindo ambientes internos e em aglomerações. Já o Brasil, enquanto projeta um aumento no número de mortes, evita endurecer medidas de distanciamento – ao contrário, flexibiliza atividades.

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Desde o dia 26 de abril, o número de casos reportados em períodos de 24 horas entrou em elevação, após um mês de queda. A redução vista a partir do dia 25 de março tem relação com as medidas de isolamento social adotadas por estados e municípios naquele mês. Entretanto, com o breve período de recuo, as ações protetivas foram suspensas por todo o país. O resultado agora fica claro no atual cenário de casos, que antecede tendências de mortalidade.

Sem isolamento, casos de covid crescerão

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu um boletim nesta quinta sobre a situação dos vírus de transmissão aérea no país, incluindo o Sars-Cov-2, que provoca a covid-19. A partir de observações dos oito primeiros dias de maio, fica clara a reversão da queda nos indicadores observada anteriormente. “Esse cenário, assim como alertado para alguns estados, sinaliza que algumas capitais dão indícios de interrupção de queda ainda em patamares extremamente elevados, em curto e longo prazo”, afirma o pesquisador da entidade Marcelo Gomes.

A Fiocruz reafirma que a situação é grave e que suspender medidas protetivas de isolamento é um equívoco. “É importante o alerta para todo o país em relação a isso. O aumento de casos confirmados de vírus respiratório pode estar associado ao relaxamento das medidas de distanciamento, que também levou ao aumento explosivo nos casos de covid-19”, completa Gomes.

Para Gomes, os dados são alarmantes e distantes de um cenário de segurança. Ele pede o retorno do isolamento social. Caso não ocorra, o Brasil pode ver nova ascensão de mortes em um momento em que o patamar segue elevado: 

“Tal situação, caso ocorra, não apenas manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos. Mas também também manterá a taxa de ocupação hospitalar em níveis preocupantes. Portanto, essas medidas devem ser adotadas até que a tendência de queda seja mantida por tempo suficiente para que o número de novos casos atinja valores significativamente baixos.”

Tendências

A Fiocruz indica que quatro estados brasileiros apresentam tendência de elevação nos casos de covid e de mortes. São eles: Amazonas, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Tocantins. “Segundo a análise, referente à Semana Epidemiológica (SE) 18, período de 2 a 8 de maio, há indícios de interrupção da tendência de queda nos números no Amapá, Bahia, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul e Sergipe. Já o Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Pará, Paraíba, Rio Grande do Norte e São Paulo apresentam tendência de estabilização desses valores”, completa a entidade.

Já em relação às capitais, três das 27 apresentaram sinal de crescimento: Manaus (AM), Porto Alegre (RS) e Palmas (TO). Foi verificada tendência de estabilização em Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Macapá (AP), Salvador (BA), São Luís (MA), Teresina (PI), Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Goiânia (GO), Natal (RN), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), São Paulo (SP) e Vitória (ES).