Adiós Pinochet

Jornal Brasil Atual Edição da Tarde | 17 de maio de 2021

A vitória de ontem não pode invisibilizar os problemas que virão, diz a historiadora Joana Salém sobre eleições no Chile

Ouça o áudio:

Manifestante segura bandeira mapuche durante os protestos de 2019 que deram origem ao processo constituinte que substituirá a Constituição chilena criada durante a ditadura de Augusto Pinochet - Carlos Vera/Colectivo2+

Os integrantes da Convenção Constituinte foram eleitos neste fim de semana no Chile, com resultados considerados históricos. A direita precisava conquistar um terço das 155 cadeiras dessa convenção para ter poder de veto na mesma, mas não obteve a quantidade necessária: ficou com 37 vagas, chegando a 24%. Os candidatos independentes (que não integram partidos), elegeram 48 constituintes (31%), as listas partidárias Apruebo Dignidad, 28 (18,1%) e Lista del Apruebo, 25 (16,1%). Os povos originários tinham reservadas 17 vagas (11,0%). Além disso foram realizadas eleições para os governos regionais, prefeituras (alcaldías) e vereanças (concejales). 

Em entrevista ao vivo no Jornal Brasil Atual Edição da Tarde, Joana Salém, doutora em história econômica pela USP, que possui uma tese sobre a história da Reforma Agrária no Chile, e acompanha de perto a conjuntura política no país, descreveu como ficou formado o espectro político na Convenção Constituinte: "a direita, o Vamos por Chile, que é uma coligação formada pela Renovación Nacional e pela Unión Democrática Independiente obteve 24% dos votos; o centro político que é formado por partidos, que a gente pode dizer, que têm um compromisso com o neoliberalismo, acabou conseguindo (somados os partidários e os independentes), cerca de 23%, aproximadamente 1/4 também. A esquerda, também somando-se a lista dos partidos com a lista dos independentes, obteve cerca de 34%. Temos ainda os 11% dos povos indígenas, e 8% de constituintes sem lista, que é um pouco mais difícil identificar a qual espectro político pertencem". 

A historiadora, e também professora da Faculdade Cásper Líbero, alertou sobre as limitações a que se enfrentará a maioria não governista na convenção: "A vitória de ontem não pode invisibilizar os problemas que virão nesse processo. E esse problemas estão relacionados, em primeiro lugar, com o fato de que a Convenção Constituinte foi regulamentada pelo governo [de Sebastián] Piñera, o que significa que as regras do jogo (o rayado de cancha como eles chamam no Chile), foram estabelecidas por um governo que não quer a mudança". Acesse a análise completa das eleições deste fim de semana no Chile feita por Salém, a partir do minuto 58 do jornal. 

Neste 17 de maio, Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, o jornal também contou com a participação de Janaina Oliveira, Secretária Nacional do Partido dos Trabalhadores, para falar sobre a data e a situação da população durante o período de pandemia e sob governo Bolsonaro. Confira a conversa a partir do minuto 16 do jornal.

Confira as entrevistas e o jornal completo no áudio acima. 

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O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, na frequência da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.

Edição: Mauro Ramos