Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019 a asma atingia mais de 5% da população brasileira com mais de 18 anos. No entanto, a situação pode ser ainda mais grave e especialistas apontam subnotificação e piora no acesso ao tratamento primário.
O número de pacientes adultos com a condição diagnosticada no último levantamento do IBGE era de 8,4 milhões. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), as estimativas são de que existam aproximadamente 20 milhões de asmáticos no Brasil.
Antes da pandemia da covid-19, a asma era uma das principais causas de internação no Sistema Único de Saúde, aponta a SBPT. São cerca de 350 mil internações por ano, segundo o Datasus (banco de dados do SUS). Em 2019, 37,6% dos diagnosticados teve alguma crise.
"É uma doença muito frequente, mas subdiagnosticada", afirma o diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Lucas Gaspar Ribeiro. Ele ressalta também que o desmonte da atenção primária do SUS tem impacto direto no tratamento da asma.
O médico alerta: "A gente teve um decréscimo no número de equipes da saúde da família no Brasil nos últimos tempos". Ele ressalta que pesquisas apontam maior presença dos médicos dessa especialidade nos estados das regiões Sul e Sudeste.
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"No atual governo, houve um declínio de equipes, isso está demonstrado numericamente. Significa que você está diminuindo a possibilidade de as pessoas entrarem no serviço, de as pessoas terem acesso ao serviço com a sua equipe de referência e isso é muito importante para a asma", explica ele.
Pandemia piora o cenário
Lucas Gaspar Ribeiro afirma que o acesso ao tratamento primário piorou durante a pandemia, "A covid-19 virou um obstáculo à saúde, é uma pedra gigantesca em cima da saúde e está atrapalhando o acesso".
Ele lembra que, em muitos municípios, a agenda de outros tratamentos foi adiada e doentes crônicos estáveis não estão recebendo acompanhamento constante. No caso da asma, essa realidade tem potencial de muito risco, "o asmático pode se desestabilizar de um dia para o outro".
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Assim como a covid-19, a asma pode piorar nos meses mais frios e secos do ano. Para Lucas, o período vai gerar uma "descompensação de quadros respiratórios", e o poder público deveria estar se preparando para uma eventual alta de casos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 230 milhões de pessoas convivem com a asma em todos os países do globo. Mais de 80% das mortes ligadas à doença ocorrem nas nações em desenvolvimento.
Edição: Vinícius Segalla