O governo de Israel anunciou nesta quinta-feira (20) que aceitou um acordo de cessar-fogo proposto pelo Egito para interromper os ataques contra a Faixa de Gaza.
O anúncio vem após 11 dias consecutivos de bombardeios contra a região, deixando um saldo de pelo menos 232 palestinos mortos, incluindo 65 crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Segundo o jornal Haartez, o governo israelense afirmou que o acordo foi proposto pelo Egito e tem caráter "mútuo e simultâneo", uma vez que a ala militar do Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza, também deve interromper suas repostas bélicas.
À agência Reuters, um oficial do Hamas confirmou que a interrupção das hostilidades deve entrar em vigor às 2h desta sexta-feira (21) (20h de Brasília).
Os ataques israelenses, entretanto, continuaram nesta quinta. Segundo a emissora Al Jazeera, jatos militares bombardearam Gaza e deixaram pelo menos uma pessoa morta.
Um acordo já estava sendo tentado há dias, com pressão internacional principalmente sobre Israel. No entanto, Netanyahu continuou afirmando que manteria a ofensiva até devolver "calma e segurança" ao país.
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Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, telefonou para seu homólogo egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, para discutir a escalada de tensão na região.
Segundo a Casa Branca, os líderes "discutiram os esforços para chegar a um cessar-fogo que acabaria com as hostilidades em curso em Israel e Gaza" e "concordaram que as suas equipes se mantenham em comunicação constantes".
Apesar das tratativas entre Washington e Cairo, a diplomacia dos EUA vinha bloqueando repetidas vezes uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que condenava os ataques de Israel contra Gaza e pedia o fim dos bombardeios contra a região.
Em comunicado nesta noite, o mandatário norte-americano ressaltou que apoia o "direito de Israel se defender", enfatizando que os Estados Unidos irão auxiliar para "reabastecer" o sistema de defesa antiaérea israelense "para garantir sua defesa e segurança no futuro".
"Eu acredito que os palestinos e israelenses merecem igualmente viver com segurança e desfrutar de medidas iguais de liberdade, prosperidade e democracia”, disse Biden. “Minha administração continuará nossa diplomacia silenciosa e implacável para esse fim", pontuou.
O presidente afirmou ainda que o país continuará "comprometido" em cooperar com as Nações Unidas em prol da assistência humanitária na região da Faixa de Gaza. "Faremos isso em plena parceria com a Autoridade Palestina", disse.
11 dias de ataques contra palestinos
A região de Jerusalém Oriental foi palco durante quase duas semanas de uma repressão diária das forças israelenses contra palestinos, que se intensificou após a polícia lançar balas de borracha e granadas de choque contra a mesquita de Al-Aqsa.
Um segundo episódio da escalada de tensão foi a decisão de um tribunal israelense de despejar 28 famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah, na região de Jerusalém Oriental, para dar lugar a colonos israelenses. Revoltados, os palestinos foram às ruas para protestar.
Em meio aos ataques de Israel contra os palestinos, foguetes e mísseIs derrubaram diversos prédios de Gaza, incluindo um residencial de 13 andares e o local que abrigava escritórios da emissora catari Al Jazeera, da agência norte-americana Associated Press e outros veículos de comunicação.
Com a forte repressão, o grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza, disparou foguetes contra Tel Aviv, maior cidade israelense, e outras regiões do território de Israel. Desses ataques, ao menos 10 pessoas morreram, incluindo uma criança.
Do lado palestino, pelo menos 242 mortes, incluindo 65 crianças, 39 mulheres e 17 idosos. Os feridos passam de 1,7 mil.
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Mesmo com o alto número de feridos e mortes, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou mais de uma vez que iria aumentar a “potência e a frequência” dos ataques contra o enclave palestino.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estimou na última semana que cerca de 10 mil palestinos foram forçados a abandonar suas casas em Gaza por conta dos ataques de Israel. O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas afirmou que mais de 200 casas e 24 escolas foram destruídas ou danificadas na região durante os dias de bombardeios.
Segundo a emissora Al Jazeera, centenas de famílias palestinas se abrigaram em escolas administradas pela ONU no norte da Faixa de Gaza para se protegerem dos ataques.
Edição: Vivian Virissimo