EDUCAÇÃO

Após retomada de aulas em BH, 40 trabalhadores foram infectados e duas morreram

Professoras da rede municipal completam quase um mês de greve sanitária; sindicato reivindica vacinação

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Ato do sindicato em fevereiro deste ano já pedia vacinação como medida prioritária para volta às aulas presenciais - Foto: Comunicação Sind-REDE

Há quase um mês, trabalhadoras da educação infantil de Belo Horizonte estão em greve sanitária contra a abertura das escolas municipais em meio ao agravamento da pandemia de covid-19. Levantamento do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE) aponta que desde o dia 26 de abril, quando foram retomadas as aulas presenciais e deflagrada a greve, 40 funcionários foram infectados e duas trabalhadoras morreram.

O levantamento levou em consideração apenas casos testados e confirmados por algum diretor da entidade. O sindicato avalia que o número pode ser muito maior, em especial entre os terceirizados que não possuem convênio médico. Publicamos o detalhamento de casos por escola ao final desta matéria.

Professoras querem vacinação

Soma-se à preocupação dos professores e professoras a situação hospitalar da capital mineira. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, a ocupação de leitos Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Belo Horizonte está em alerta vermelho, atingindo quase 80%.

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A greve, segundo Vanessa Portugal, da direção do Sind-REDE, tem uma adesão de 20% da categoria, número que afeta aproximadamente 40% das escolas municipais.

Segundo Vanessa, apenas 25% dos estudantes convocados ao estudo presencial – todas as crianças de 4 e 5 anos, e de 3 anos em algumas unidades –, estão frequentando as escolas.

Isso porque as famílias ainda estariam inseguras em relação ao contexto da pandemia, à estrutura das escolas e à capacidade de manter medidas de prevenção ao vírus.

“A prefeitura não consegue cumprir com os próprios protocolos na organização das escolas. Uma das questões, que para nós é mais gritante, são os trabalhadores que estão atuando presencialmente. Eles passam por diversos agrupamentos de crianças, que a prefeitura chama de bolhas, que evitariam o contato entre elas. O problema é que o adulto circula entre essas bolhas, ou seja, o adulto é o maior veiculador do vírus”, afirma a sindicalista.

Até o momento, segundo Vanessa, a prefeitura não se dispôs ao diálogo com a categoria e não fez propostas de negociação.

Em nota ao Brasil de Fato MG, a prefeitura afirma que “o diálogo com o sindicato é permanente, com agendas bimestrais, mensais e até semanais, conforme a pauta dos servidores” e ainda diz que somente uma unidade escolar está com atividades paralisadas por causa da greve.

Outros problemas

Uma vistoria realizada pelo Sind-REDE mapeou que em mais de 50% das escolas não houve readequação de espaço, de modo que seja possível a manutenção do distanciamento entre as crianças.

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Entre 20% a 30% das unidades, segundo o sindicato, há obras que estão sendo executadas concomitantemente à realização das aulas. Além do aumento da circulação de pessoas, incluindo os trabalhadores da construção civil, a poeira também é algo preocupante.

“Isso aumenta a possibilidade de que crianças sejam acometidas por problemas respiratórios, que mesmo que não seja covid, levam a uma pressão sobre o sistema de saúde”, aponta Vanessa.

Famílias estão inseguras em relação à estrutura das escolas e capacidade de manter medidas de prevenção

A rede municipal de educação de Belo Horizonte conta com 323 escolas, sendo 145 Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) e 178 Escolas Municipais de Ensino Fundamental. São 168.983 estudantes atendidos.

O município conta ainda com 207 creches da rede conveniada, que atendem 26.507 crianças.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informa, em nota, que para o “retorno seguro, foram adquiridos para todos os alunos e professores os equipamentos de segurança sanitária, provisionados os insumos de higienização, treinados os funcionários de limpeza e realizadas as adequações espaciais necessárias, para que todas as medidas sanitárias sejam garantidas. Os profissionais estão nas escolas com horário reduzido a três dias na semana e com jornada de 4 horas”.

“O que a gente espera é que a situação se resolva ou pela vacinação ou pelo controle da pandemia. Então, a greve continua até que isso aconteça”, reforça Vanessa.

A PBH também afirmou ao Brasil de Fato MG que está sendo feito o cadastro de todos os profissionais da educação para a vacinação e que Secretaria Municipal de Saúde segue o Plano Nacional de Imunização.

Trabalhadores com confirmação de Covid-19 por escola

(Levantamento realizado pelo Sind-REDE de 26 de abril de 2021 a 20 de maio de 2021)

EMEI Mantiqueira: 6 casos confirmados

EMEI Marta Nair: 3 casos confirmados

EMEI Pilar Olhos D’agua: 1 caso confirmado

EMEI Betinho: 4 casos confirmados

EMEI Piratininga: 3 casos confirmados

EMEI Jardim Leblon: 1 caso confirmado

EMEI Granja de Freitas: 1 caso confirmado

Escola Municipal Professor Tabajara Pedroso: 1 caso confirmado

EMEI Jatoba IV: 2 casos confirmado

EM Edgar da Mata: 1 caso confirmado

EM Hilda Rabelo: 1 caso confirmado

EM União Comunitária: 1 caso confirmado

EMEI Serra Verde: 1 caso confirmado

EM Modesta Cravo: 3 casos

EM Marlene Rancante: 1 caso confirmado, 1 morte confirmada

EMEI Solar Rubi: 1 caso confirmado

EM Lidia Angelica: 1 caso confirmado

EMEI Castelo: 1 caso confirmado

EMEI 1° de Maio: 1 caso confirmado

EMEI São Gabriel: 1 caso confirmado

EMEI Santa Rosa: 1 caso confirmado

EMEI Navegantes: 1 caso confirmado

EMEI Capivari: 1 caso confirmado

EMEI Jardim Comerciários: 2 casos confirmados

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Rebeca Cavalcante e Rafaella Dotta