O repórter Pedro Duran, da CNN Brasil, foi expulso de ato realizado no Rio de Janeiro por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste domingo (23). Ele estava cobrindo a manifestação, que contou com a presença do ex-capitão do Exército de seu ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.
Vídeo divulgado pelo vereador bolsonarista Douglas Gomes (PSL), de Niterói (RJ), mostra o jornalista sendo atacado por bolsonaristas, que gritam “vagabundo”, “lixo” e “CNN lixo” para o profissional de imprensa. Policiais militares escoltaram o jornalista até uma viatura para que ele saísse do local em segurança.
#CNNLIXO recebendo o carinho do povo.
— Douglas Gomes (@verdouglasgomes) May 23, 2021
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Nas redes, diversos jornalistas prestaram solidariedade ao repórter. “Se vocês aceitarem isso como normal, merecem mesmo é sobreviver debaixo de um governo autoritário. Toda solidariedade a brava equipe da CNN Brasil, hostilizada no Rio de Janeiro, ao tentar cobrir a aglomeração feita pelo presidente da República”, escreveu Renan Brites Peixoto, da TV Globo, no Twitter.
O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) também condenou o ataque. “Vejam as imagens da tentativa de agressão contra o repórter da CNN na manifestação fascista no Rio. Ele teve que ser escoltado e sair de camburão. Os criminosos é que prendem o trabalhador. É a democracia que está sendo destruída. #imprensalivre”, tuitou.
CPI da Covid vai pedir explicações
Dois dias após causar aglomeração e ser multado pelo governo no estado do Maranhão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou, sem máscara, de ato com motociclistas e discursou em cima de carro de som para seus apoiadores que se aglomeraram neste domingo (23) na cidade do Rio de Janeiro. Ele estava acompanhado de seu ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello, que também não usava qualquer proteção ou anteparo no rosto.
Por causa disso, o vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que vai pedir esclarecimentos à Prefeitura do Rio de Janeiro e ao governo do estado sobre a aglomeração na cidade neste domingo. Atualmente, normas em vigor tanto municipais como estaduais proíbem a realização de eventos que causem aglomeração na cidade, visando reduzir o contágio da covid-19.
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O ato de Bolsonaro contou com centenas de motociclistas que passearam pelas ruas da Barra da Tijuca, bairro da zona Oeste do Rio onde o presidente mantém uma residência, no condomínio "Vivendas da Barra". A manifestação terminou com um ato político e aglomeração na orla da praia, onde apoiadores do presidente se reuniram para ouvir o mandatário e seus correligionários políticos, entre eles Pazuello e o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ), que usava uma camiseta com a figura de Bolsonaro em cima de um cavalo.
O senador Randolfe Rodrigues criticou o encontro e disse querer saber se houve autorização - por parte da prefeitura e do governo estadual - para a realização do evento.
“Se não houve, cobraremos quais as providências serão tomadas para responsabilizar o presidente da República por conta da clara infração à ordem sanitária“, afirmou.
Para o vice-presidente da CPI da Covid, a aglomeração, que teve a presença também do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, foi um “acinte às quase 450 mil famílias enlutadas“.
Já para o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, o evento se tratou de "espetáculo de covarde omissão que ignora hospitais lotados e a nova cepa Indiana". Veja abaixo publicação do jurista em suas redes sociais.
::Cepa indiana e aumento de casos acendem alerta para terceira onda no Brasil::
Mais um domingo em que o presidente celebrará a irresponsabilidade e a estupidez miliciana passeando de moto com seus adoradores. Previsível espetáculo de covarde omissão que ignora hospitais lotados e a nova cepa Indiana. Pobre do Brasil, pobre do meu Rio de Janeiro...
— Felipe Santa Cruz (@felipeoabrj) May 23, 2021