Cerca de 200 famílias sem terra do Acampamento Bondade, localizado na zona rural do município de Amaraji, na zona da mata sul de Pernambuco, foram surpreendidas por uma operação de despejo violenta por volta das 7h desta terça-feira (25). Durante a ação, sete pessoas foram detidas, incluindo uma criança de apenas 12 anos.
:: Em meio à pandemia, famílias sem terra estão sendo despejadas, em Amaraji (PE) ::
O dia no local começou com ataques de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (BEPI), do Batalhão de Choque e da cavalaria da Polícia Militar de Pernambuco. Além disso, um helicóptero da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco sobrevoava as terras do engenho Bondade, na zona rural de Amaraji.
“Teve uma criança que foi alvejada por tiros de borracha, teve os companheiros que foram detidos e espancados por eles e cerca de 10 pessoas ficaram feridas nesse processo. Eram mais de 300 policiais, helicóptero jogando bomba, era algo que era praticamente uma guerra”, afirma um dos acampados que não terá o nome divulgado por questões de segurança.
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As famílias tentaram resistir com uma vala de pneus, mas com a violência da ação e com vários barracos pegando fogo, alguns acampados fugiram pela mata da região e ainda estão perdidos.
“Isso é uma vergonha para esse Estado… em tempos de pandemia, você concordar com um despejo brutal de famílias que agora estão sem moradias e, agora, sem seus alimentos”, disse.
De acordo com os acampados, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB) e o Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco (Iterpe) não apresentaram soluções que dessem garantia de uma saída digna para as famílias, em meio ao conflito fundiário com os proprietários da Usina União.
Detidos
Ao todo, nove pessoas foram detidas durante a ação. Porém, duas foram liberadas logo em seguida e sete foram para a delegacia. Entre elas, estava a criança de 12 anos. Enquanto aguardavam a chegada do delegado, que estava em outra cidade, um tenente tentava interrogar o garoto e não deixava que ele saísse para ser levado pela mãe, segundo informações de pessoas que estavam no local.
O Brasil de Fato entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS) que coordena a Polícia Militar e aguarda posicionamento sobre os procedimentos adotados na ação.
Edição: Vivian Virissimo