Temos que garantir direitos para que a juventude possa sobreviver à maior crise sanitária do mundo
Por Walisson Rodrigues*
Nos últimos dias temos ouvido muito sobre surgimento de novas cepas com uma capacidade altamente eficaz na sua propagação e juntamente com isso o descaso do governo federal com a pandemia.
E isso tem tornado a realidade muito difícil para o Brasil, a covid-19 não causa prejuízos somente idosos e pessoas com comorbidade, mas vem demonstrando um aumento expressivo de pacientes mais jovens que estão necessitando de internação em estado grave.
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É o que nos mostram os números apresentados, em fevereiro, pelo Distrito Federal e outros 9 estados brasileiros — São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Alagoas, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Goiás e Mato Grosso do Sul — em que o número de hospitalizações e mortes de pessoas com menos de 60 anos alcançaram 50% do total.
Ou seja, após um 1 ano e três meses do primeiro caso de covid no Brasil (fevereiro de 2020), o que vemos é o rejuvenescimento da pandemia, que na contramão do cenário mundial, não vislumbra uma melhora no curto prazo.
Os dados disponibilizados pelo sistema de informação da vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde nos mostra um aumento de 25% da hospitalização de pacientes abaixo de 60 anos de 35.039, em janeiro, para 44,096, em fevereiro, e atualmente, segundo dados do Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19.
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“Os números de casos e óbitos de covid-19 por faixa etária mostram que o aumento diferencial por idades se manteve. A análise aponta que a faixa etária dos mais jovens, de 20 a 29 anos, foi a que registrou maior aumento no número de mortes por covid: 1.081,82%. Nas idades de 40 a 49 anos (1.173,75%) houve o maior crescimento do número de casos”.
Contudo, o que tem ocorrido com a juventude brasileira, segundo o Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), demonstra que entre o início do ano e o mês de março, às internações no Brasil motivado pelo coronavírus, levando em consideração todas as faixas etárias, cresceram 316%, um percentual alarmante.
Acontece que entre indivíduos de 40 a 49 anos esse índice chegou a aproximadamente 626%. Entre aqueles que têm de 30 a 39 anos e de 50 a 59 o aumento foi de 565% e 525%, ao mesmo tempo.
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Para internados entre faixa etária 20 e 29 anos, o percentual ficou abaixo daquele registrado nas hospitalizações pela covid-19, apesar disso e um nível extremamente elevado: 256%.
Nos dias que correm, uma em cada cinco pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 que se encontram em UTIs está na faixa etária que vai dos 18 aos 44 anos, segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina Intensiva.
Vejam os dados disponibilizados pela Fiocruz: o aumento de casos para todas as idades foi de 642,80%, conforme apurado entre a SE 1 e a SE 14, quando foi realizado o recorte por idade.
Algumas faixas etárias mantiveram crescimento de casos superior ao global: 20 a 29 anos (745,67%), 30 a 39 anos (1.103,49%), 40 a 49 anos (1.173,75%), 50 a 59 anos (1.082,69%) e 60 a 69 anos (747,65%).
Para os óbitos, o aumento global foi de 429,47%. As mesmas faixas etárias tiveram aumento diferenciado: 20 a 29 anos (1.081,82%), 30 a 39 anos (818,60%), 40 a 49 anos (933,33%), 50 a 59 anos (845,21%) e 60 a 69 anos (571,52%).
Os dados da pesquisa: juventude e pandemia da fundação Perseu Abramo nos alertam para além da morte que a covid-19 causa na vida da juventude para tais questões:
“Ajudar a cuidar da cabeça” de 7 em cada 10 jovens que estão com alteração psicológica neste momento. Apontar soluções econômicas e financeiras para 6 em cada 10 jovens brasileiros. Possibilitar atividades de lazer e equipamentos públicos com orientações para 6,5 em cada 10 jovens tupiniquins. E atividades de lazer para 7,3 jovens para cada grupo de 10 jovens.
Diante dos efeitos da pandemia, com destaque para a população jovem no Brasil, que soma 47,2 milhões (23% da população brasileira), é fundamental criar orientações específicas para esse segmento que está sendo inundado por fake news, sobre as reais proporções dessa doença. Há, também, a necessidade de políticas públicas para essa juventude que está em busca de saídas para romper com a fome e com miséria.
Temos que garantir direitos para essa população, para essa juventude, sobreviver à maior crise sanitária do mundo: direito à moradia, alimentação saudável e direito à vida!
*Walisson Rodrigues é da Coordenação Nacional do Levante Popular da Juventude, Estudante do Curso de Ciências Sociais (Unir); Possui Formação Técnica em Desenvolvimento Cultural pelo Instituto de Educação Josué de Castro.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
*** O Periferia Viva nasce como resposta ao governo genocida com sua política de morte que nos deixou a própria sorte em uma pandemia. A ideia é conectar iniciativas, campanhas e demandas da sociedade que podem contribuir e fortalecer essa rede de solidariedade.
Edição: Vivian Virissimo