A CPI da Covid deve votar nesta quarta-feira (26) convites para depoimentos de governadores e prefeitos, além de uma nova convocação do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.A informação foi confirmada pelo presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), após os trabalhos desta terça-feira.
Pazuello terá de explicar participação em ato político convocado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no último domingo (23) no Rio de Janeiro. Ambos discursaram em meio a aglomeração e sem o uso de máscaras.
“A prioridade é barrar a pandemia, mas Bolsonaro rema para trás. A procissão no Rio em louvor ao vírus é declaração de guerra ao SUS. O governador terá que explicar a molecagem com dinheiro público. Pazuello pisoteia disciplina e hierarquia e ri a céu aberto. A CPI terá muito assunto”, publicou em seu perfil no Twitter, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
De acordo com Aziz, a convocação dos governadores não representa uma mudança de estratégia ou de rumo na investigação, apenas o cumprimento de uma cronologia que já havia sido acertada.
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“Não estamos fugindo da CPI, só estamos fazendo aquilo que um dos requerimentos da CPI nos manda fazer. Há um requerimento assinado por 45 senadores que pede para que a gente investigue recursos do governo federal que foram enviados aos estados”, explicou o senador.
Além da nova convocação de Pazuello, devem ser votados requerimentos para as convocações de nove governadores e ex-governadores e de 12 prefeitos e ex-prefeitos. Entre os nomes confirmados por Omar Aziz estão o do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o do ex-governador do estado Wilson Witzel, que sofreu impeachment após ser acusado de crime de responsabilidade nas contratações da secretaria de Saúde para enfrentamento da pandemia de covid-19. Outro nome confirmado pelo presidente foi o do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
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De acordo com Aziz, não haverá “diferença de tratamento” da CPI com os governadores e prefeitos a serem convocados. Ele afirmou que as datas dos depoimentos ainda não estão definidas e serão marcadas após a aprovação. Até o dia 17 de junho, a CPI já tem uma agenda de depoimentos, então os novos depoimentos serão marcados para depois dessa data.
“A ordem eu não consigo dizer agora. Nós temos ainda dois meses, 60 dias, e a pressa é a vacina. A vacina é mais importante neste momento”, disse Omar Aziz.
Medo da cloroquina
Até agora os trabalhos da CPI demonstram que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao defender a adoção da cloroquina para o tratamento precoce da covid-19, um procedimento que não tem comprovação científica.
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Por conta dessas evidências, para o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO), a convocação dos governadores representará uma nova fase da CPI. Ele defende que é preciso acabar com a “farsa da oposição”, que tem “reduzido” a CPI a temas como a cloroquina, a carta da empresa Pfizer com a proposta de vacinas para o Brasil e o suposto gabinete paralelo da saúde.
“Penso que a grande novidade para a sessão de amanhã é a pauta de requerimentos que prevê a convocação de prefeitos, ex-prefeitos e governadores. Acho que esse é o grande avanço”, disse o senador.
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Para o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), a CPI começa a “passar para o outro lado”. Para ele, é preciso “mudar a narrativa” e fazer com que a CPI pare de funcionar como “inquisição”. “Tomara que hoje (ontem) seja um dos últimos dias da cloroquina, ou vai virar a CPI da Cloroquina. As pessoas querem saber é para onde foi a grana, o dinheiro desviado por muitos governadores, prefeitos. Tomara que a gente saia disso”, disse o senador, que elogiou o depoimento secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro.