O jornal japonês Asahi Shimbun pediu, em editorial publicado nesta quarta-feira (26), o cancelamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, marcados para começar nos dias 23 de julho e 24 de agosto, respectivamente.
O pedido destaca-se por ter partido de um dos patrocinadores dos eventos, além de ser a segunda maior publicação em vendas naquele país.
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“A pandemia da covid-19 ainda não está sob controle, deixando inevitável ao governo declarar outra extensão do estado de emergência atualmente em vigor. É simplesmente fora de propósito manter a Olimpíada e a Paralimpíada de Tóquio neste verão”, diz o editorial, em tradução livre, logo nas primeiras linhas.
“Nós solicitamos que o Primeiro Ministro Yoshihide Suga avalie a situação com calma e objetividade e decida contra manter a Olimpíada e a Paralimpíada de Tóquio neste verão”.
No dia 7 de maio, o governo japonês prolongou o estado de emergência decretado em 23 de abril e incluiu duas regiões.
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Inicialmente, era na capital e mais três localidades, com encerramento marcado para 11 de maio. Agora vale até o fim do mês para Tóquio e um total de cinco regiões.
As principais restrições são o fechamento de bares e restaurantes que servem bebidas alcoólicas e alguns comércios, como grandes lojas e shopping centers.
Trânsito de 100 mil pessoas
O jornal argumenta entender ser ruim o cancelamento não apenas para os atletas, que treinaram muito para competir, mas também por conta de todos que fizeram toda a preparação para o evento.
“Mas acima de tudo está manter a estrutura básica que protege a vida, saúde e meios de subsistência dos cidadãos. A Olimpíada nunca deveria criar uma situação que ameaça essa estrutura”.
Além de não haver qualquer sinal de controle da crise sanitária nas próximas semanas, o Asahi Shimbun destaca preocupações com as variantes. “Fizeram a situação ficar ainda mais alarmante”.
Destaca que serão 100 mil pessoas vindas de todas as partes, que vão voltar para casa quando os Jogos acabarem. Afirmam não haver como desconsiderar a possibilidade de pessoas com o vírus entrarem no Japão e, depois, espalharem a doença para todo o mundo.
“Os organizadores têm de entender que jogar com a sorte não é uma opção.”
E o espírito olímpico?
O editorial destaca, ainda, que o cenário esportivo também já está comprometido.
“A pandemia impediu alguns atletas de competir em classificatórias. Existe uma enorme distância entre os países onde a vacinação em massa teve progresso e onde não teve, obviamente afetando treinamento e performance de atletas”, diz.
“Claramente parte da Carta Olímpica virou letra morta.” Por fim, questiona: “qual o sentido de manter a Olimpíada enquanto as atividades das pessoas estão sendo restringidas e a rotina diária está ficando mais difícil?”. “O que são os Jogos Olímpicos no final das contas?”.