No primeiro grande ato nacional contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde o início da pandemia da covid-19, uma das principais vias do Rio de Janeiro, a Avenida Presidente Vargas, foi tomada neste sábado (29) por manifestantes, trabalhadores, estudantes, lideranças políticas, movimentos populares e sindicais.
A concentração teve início às 10h. Durante as mais de quatro horas do ato, foram distribuídas aproximadamente 2 mil máscaras e álcool em gel aos manifestantes. Em vários momentos, as lideranças lembraram a importância de manter os protocolos de segurança para evitar a contaminação, diferentemente do que ocorreu no último domingo (23), no desfile bolsonarista.
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Neste sábado, os manifestantes lembraram a responsabilidade de Bolsonaro pelas mais de 459 mil mortes desde o início da pandemia. A CPI da Covid, em andamento no Senado Federal, também foi mencionada em palavras de ordem ao longo do trajeto que terminou no Largo da Carioca, também no Centro do Rio. "Povo na rua e CPI, daqui a pouco, Bolsonaro vai cair", entoavam os manifestantes.
"Estávamos saudosos desse encontro na rua, seguindo protocolo de segurança. O grito de hoje tem que chegar ao Congresso Nacional. A CPI vai acumulando provas nítidas de crime sanitário, de crime contra a vida, de um movimento anti-ciência. Bolsonaro impediu, durante muitos meses, uma imunidade de rebanho com vacina. Isso levou à morte de muita gente, é um crime de responsabilidade", afirmou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB).
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Presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) na capital fluminense, Tiago Santana fez questão de ressaltar que os motivos do ato são o oposto da "motociata" da semana passada. Ele disse que o ato em diversas cidades brasileiras é um protesto da sociedade organizada.
"Estamos nas ruas para defender vidas. Se a pandemia tem alto grau de letalidade, Bolsonaro é tão letal quanto ela. Havia, sim, uma dúvida no comando dos partidos, conversamos muito e achamos por bem nos somar à manifestação, que não é uma manifestação de partido político, é uma manifestação da sociedade organizada, cívica, de um povo que entende que não dá mais para ficar calado", afirmou o presidente do PT carioca.
Já na hora final da manifestação, na dispersão no Largo da Carioca, o deputado federal Glauber Braga (Psol) protestou contra as privatizações de estatais brasileiras, disse que Bolsonaro é um "genocida" e lembrou que o processo de desmonte da soberania nacional vem acontecendo desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
"Gângster tem que ser chamado de gângster. Juiz ladrão tem que ser chamado de juiz ladrão. E genocida, com ele gostando ou não gostando, tem que ser chamado claramente de genocida", bradou Glauber, que na época do impeachment chamou o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB) de "gângster" e, em sessão na Câmara, chamou o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro de "juiz ladrão".
O ato teve a participação de professores e estudantes das universidades federais, que vêm sofrendo com os cortes de recursos, com trabalhadores da Cedae, empresa pública do estado recentemente privatizada como condição para o Rio de Janeiro adiar o pagamento de dívidas com a União, e de trabalhadores da Eletrobras, que está no alvo de Bolsonaro para ser privatizada em medida que será analisada pelo Congresso Nacional.
Edição: Daniel Lamir e Mariana Pitasse