O Brasil registrou 860 mortes por covid nesta segunda-feira (31). De acordo com o boletim do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), 462.791 brasileiros já morreram da doença. desde o início do surto, em março de 2020. Trata-se do segundo país do mundo com maior número de mortes oficiais, atrás apenas dos Estados Unidos. Especialistas afirmam há dias que a tendência no país é de piora na pandemia.
O número de novos casos divulgados nesta segunda foi de 30.434, totalizando 16.545.554 desde o início do surto. Isso, sem contar a ampla subnotificação, já que o Brasil, ao longo da pandemia, manteve uma postura errática na realização de testes. Foram poucos e mal aplicados. Além da falta de mobilização e coordenação federal no combate à pandemia, muitos infectados manifestam a doença de forma leve e não buscam atendimento médico. Sem uma busca ativa e rastreio de contágios, os dados reais da pandemia seguem incertos.
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Os dados do último dia de maio são inferiores às médias móveis calculadas nos últimos sete dias. Em relação ao número de mortos, este indicador está em 1.848; já o número médio de novos casos está em 60.685. Às segundas-feiras, existe uma tendência a uma defasagem maior nos dados, já que menos equipes da área média atuam aos domingos, especialmente de medicina diagnóstica.
Terceira onda
A pandemia no Brasil segue com números superiores aos piores registrados durante a primeira onda, em 2020. Entretanto, houve uma queda desde um pico, atingido nas duas primeiras semanas de abril. Desde aquele momento, pesquisadores e entidades como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontavam para o cenário que se sucedeu. A tendência era de “estabilidade em patamares elevados”, como o observado hoje.
Agora, pesquisadores apontam para piora. Uma terceira onda de contágios e mortes que deve se abater sobre o Brasil e elevar, novamente, os números para patamares registrados apenas nos piores dias. Além da Fiocruz, o Consórcio Nordeste também faz essa avaliação. Em boletim divulgado também hoje, o conjunto de estados nordestinos alerta e pede rigor em medidas para conter o vírus, por meio de seu Comitê Científico.
Os cientistas apontam que a força da segunda onda possui relação com o descaso com que o vírus foi tratado. E temem pelo futuro próximo. “A epidemia da covid-19 no Brasil passa por uma segunda onda mais intensa que a primeira, resultante principalmente de dois fatores, o relaxamento geral do isolamento social durante alguns meses e a prevalência de novas variantes do vírus Sars-Cov-2 mais transmissíveis e mais letais”.
Reforço
Dos nove estados nordestinos, sete apresentam tendência de crescimento nos casos e mortes por covid-19. Fogem desse padrão o Ceará, com estabilidade mas ainda na zona de risco; e Alagoas, com tendência de queda. Já o fator “risco pandêmico”, que leva em conta diferentes fatores, como ausência de medidas de isolamento e o panorama do sistema hospitalar, é considerado alto em oito estados. Apenas o Rio Grande do Norte mostra declínio, de acordo com o comunicado.
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Os cientistas apontam para os malefícios de um “ciclo vicioso” na pandemia, observado em todo o país. Ao menor sinal de estabilidade ou breve recuo no número de internações, por exemplo, medidas de isolamento são prontamente suspensas. “Infelizmente, o que se tem observado é que os governos estaduais quando observam que existe tendência de atenuação dos vários níveis pandêmicos: número de casos, risco epidêmico, óbitos, decréscimo do número de ocupação dos leitos hospitalares, entre outros, os Estados iniciam aberturas com menos restrições.”
Diante deste cenário, o Consórcio Nordeste aponta que “especialistas anunciam que haverá uma terceira onda no País em face do relaxamento no isolamento social e na enorme lentidão na vacinação da população.” Com apenas 10,34% da população brasileira totalmente vacinada, a expectativa é de piora nos indicadores. A lentidão na vacinação contribui com a ampliação da tragédia.
“No ritmo atual serão necessários mais de dois anos para atingir o percentual da população vacinada necessário para criar a imunidade coletiva. Por esta razão, é importante redobrar os esforços para a aquisição de mais vacinas, como a Sputnik V, e também intensificar contatos com outros fabricantes”, completa o Consórcio.