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Encontro não marcado

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"Nesse encontro não marcado na terceira delegacia só não estavam você e o Quincas. Só vocês dois não foram presos" - Unsplash
Me contaram que foram presos e tinham acabado de sair da delegacia

Uma história esquisita começou numa noite de sexta-feira, num bar da entrada da Cidade Universitária de São Paulo.

Minha turma estava num boteco e cada um tinha planos diferentes pro resto da noite. A turma toda se espalhou. Eu fui pra casa da namorada.

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No dia seguinte, fui almoçar no restaurante do Conjunto Residencial da USP e encontrei quase toda a turma lá, chegando todos juntos e rindo. E me contaram que foram presos e tinham acabado de sair da delegacia.

Um amigo que foi a um sambão que acontecia nas noites de sexta-feira na residência dos estudantes de Engenharia da Escola Politécnica, saiu de lá de madrugada, depois de beber muitas cervejas, quis urinar e, em vez de procurar um lugar discreto, resolveu fazer isso num carro estacionado. Pior: tinha gente dentro. Pior ainda: era polícia. O carro era uma viatura policial. Claro que foi preso.

Ao entrar na terceira delegacia, na região central de São Paulo... surpresa! Viu lá dentro um monte de conhecidos. Foi uma festa, todo mundo se abraçando. O delegado olhava espantado e resmungou:

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— Parece que tudo quanto é bêbado bagunceiro de São Paulo se conhece.

Aí cada um contou sua história. Dois casais tinham ido de fusca a uma festa numa república de estudantes e, lá pelas três da manhã, quando voltavam para Pinheiros, onde moravam, viram um homem batendo numa mulher. Pararam o carro, separaram a briga, e a mulher, em vez de agradecer, disse:

— Ele é meu homem, me bate quando quiser.

— Ah, é assim? — exclamou uma das minhas amigas.

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Os dois amigos deram uma surra no sujeito que batia na mulher e as duas moças deram outra na que já apanhava. Parou um carro de polícia e levou todo mundo pra terceira delegacia.

Outros dois, estavam num bar quando foram presos, e um deles contou:

— Um cara começou a encher a paciência da gente, provocar, e demos uns tapas nele. E ele era investigador...

O outro riu alto e falou:

— Batemos num investigador, rá-rá-rá...

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E concluíram:

— Nesse encontro não marcado na terceira delegacia só não estavam você e o Quincas. Só vocês dois não foram presos.

Nisso chegou o Quincas, que contou sem graça:

— Eu aprontei umas num bar de Santo André, fui preso e só me soltaram às 10 horas.

Enfim... da turma toda, só eu não fui preso naquela madrugada. E melhor: não fui preso porque estava namorando. Viva o namoro!

 

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Daniel Lamir