As investidas do presidente da República e seus apoiadores à vacina Coronavac pode afetar a imunização dos brasileiros e fortalecer grupos antivacina, segundo um boletim produzido pela Rede de Pesquisa Solidária.
A equipe aponta que os ataques ao imunizante resultaram, inclusive, em um déficit de 12 milhões de doses que já deveriam ter sido distribuídas pelo serviço público de saúde.
No levantamento, a Rede de Pesquisa Solidária analisa o debate sobre a Coronavac realizado nas redes sociais entre 9 de março de 2020 e 14 de março deste ano. Os pesquisadores constataram que as publicações sobre a Coronavac e os ataques ao imunizante ganharam força nos momentos de maior sucesso dos processos de testagem e compra das vacinas.
Lorena Barberia, professora do Departamento de Ciência Política da USP e coordenadora científica da rede, explica que esses ataques impactaram "tanto a confiança à vacinação quanto os acordos de compra do imunizante".
A equipe analisou também a correlação entre os ataques de Bolsonaro nas redes sociais à imunização e as manifestações oficiais do presidente. Dos 75 discursos publicados na página do Planalto analisados pelos pesquisadores, 19 contém referências ao tema. Uma das menções foi feita no dia 19 de outubro, em que Bolsonaro critica a obrigatoriedade da vacina no país e questiona a necessidade de vacinação de indivíduos já contaminados pelo coronavírus
Segundo Pedro Bruzzi, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, tais discursos são ainda mais graves, "já que estão disponíveis em canais oficiais do governo".
Entre as recomendações, a equipe afirma que deve haver um monitoramento da veracidade das informações compartilhadas por figuras políticas nas redes sociais para evitar que a desinformação alcance cada vez mais pessoas.
*Com informações de Júlia Pereira da RBA.
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Edição: Mauro Ramos
