Cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vão analisar, nesta sexta-feira (4), um novo pedido de importação da vacina russa Sputnik V e uma solicitação para autorização de uso do imunizante indiano Covaxin.
Anteriormente, a agência já havia negado pedidos de ambos os imunizantes. Em 26 de abril, a Anvisa negou um pedido de importação da Sputnik V por considerar que não havia documentos suficientes que provassem sua segurança.
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Todos os cinco diretores da agência votaram contra a aquisição, seguindo o voto do relator Alex Campos Machado e baseando-se na apresentação feita pelo gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos, Gustavo Mendes. Segundo este último, o imunizante apresenta um risco por conter "adenovírus replicantes".
Em suas palavras, isso significa que o vírus utilizado para carregar o material genético do coronavírus para as células humanas, o que estimula a criação de anticorpos, se reproduz, o que não deveria ocorrer. “Esse procedimento está em desacordo com o desenvolvimento de qualquer vacina de vetor viral", afirmou.
Um mês antes, também recusou as solicitações de importação e uso emergencial da Covaxin. De acordo com o órgão, houve o descumprimento de regras sobre boas práticas de produção, como problemas na documentação, na metodologia de análise e para "esterilização, desinfecção, remoção ou inativação viral".
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O laboratório indiano Bharat Biotech e o Conselho de Pesquisa Médica da Índia (ICMR) informaram que o imunizante Covaxin apresentou uma eficácia geral de 78% para os casos sintomáticos da doença de covid-19 e 100% nos casos graves. Já para a vacina, a eficácia é de 91,6% contra a doença sintomática e 100% eficaz na prevenção de casos graves e mortes.
Fiocruz diminui previsão de entrega
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) diminuiu a previsão de entrega de imunizantes produzidos em parceria com o laboratório britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford, também do Reino Unido, para o segundo semestre deste ano. A previsão passou de 110 milhões para 100 milhões de doses.
A expectativa também era de utilizar ingrediente farmacêutico ativo (IFA) totalmente nacional. Mas agora a Fiocruz informou que 50 milhões de doses serão produzidas com insumo importado e outras 50 milhões, com insumo nacional.
“Estão mantidos os 100 milhões de doses do contrato inicial. Nós sempre trabalhamos com diversas estratégias, com diversas alternativas para manter as entregas ao Ministério da Saúde. A gente está trabalhando com um processo muito desconhecido. Nós vamos tendo informações ao longo do tempo. Neste momento, a gente está prevendo entregar com o IFA nacional algo em torno de 50 milhões de doses e outros 50 milhões de doses viriam de IFA importado”, afirmou Maurício Zuma, diretor do Instituto Bio-Manguinhos, prédio que concentra a produção de imunizantes da Fiocruz, à CNN Brasil.
“O processo de produção de um produto biológico é sempre sujeito às mudanças nas previsões porque ele não é um processo determinístico. Sempre existe a possibilidade de alterações no cronograma. Mas o que a gente tá trabalhando é que nesse período a gente consiga a vacina nacional ser entregue até outubro e durante este período a gente continua trabalhando na primeira fase, que é com a produção do IFA importado. Nós temos ainda um bom quantitativo a receber e estamos obtendo um outro contrato para obter mais ingredientes e tentar fazer com não haja mais interrupções nessa transmissão”, disse Zuma.
A Fiocruz já entregou, até o momento, 47,6 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).
CoronaVac na OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou o uso emergencial da CoronaVac, que agora poderá ser utilizado no programa Covax Facility, consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) com mais de 170 países que permite o acesso a uma cartela com nove imunizantes.
O parecer da OMS é decisivo para alguns países que não têm agências reguladoras, como a Anvisa, e precisam da recomendação da OMS para aplicar certos imunizantes. Se recomendada pela organização, a CoronaVac passará a integrar o consórcio Covax Facility, que distribui imunizantes aos países mais pobres.
Até o momento, a OMS também autorizou o uso emergencial dos seguintes imunizantes: Pfizer/BioNTech; Johnson & Johnson; Oxford/Astrazeneca; Moderna; e Sinopharm.
População vacinada até outubro
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), prometeu que toda a população paulista será vacinada até o dia 31 de outubro. "Preparem o braço. Vamos vacinar toda população adulta do estado de São Paulo até 31 de outubro deste ano", escreveu, em sua conta no Twitter. Inicialmente, o prazo era 31 de dezembro.
Preparem o braço
— João Doria (@jdoriajr) June 2, 2021
Vamos vacinar toda população adulta do estado de São Paulo até 31 de outubro deste ano.
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Em coletiva de imprensa, o governador reforçou a promessa. "São Paulo vai concluir toda a vacinação da sua população até o dia 31 de outubro – toda a população vacinável do estado de são Paulo será vacinada até 31 de outubro. A população com mais de 18 anos estará plenamente imunizada até esta data", disse o governador.
Pouco depois, no entanto, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, levantou uma outra perspectiva. Para ele, "é muito otimista chegar à vacinação de toda a população adulta até o fim deste ano".
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Vacinação e pandemia no Brasil
Até às 20h desta quarta-feira (2), 47.026.256 pessoas receberam a primeira dose de vacina contra a covid-19, o que representa 22,21% da população. Já a primeira dose foi aplicada em 22.631.020 pessoas, o que equivale a 10,69% da população. No total, 69.657.276 doses foram aplicadas, segundo o consórcio de veículos de imprensa.
Quanto ao quadro da pandemia no Brasil, até às 18h desta quarta, foram registrados 2.507 óbitos nas últimas 24 horas, totalizando 467.706 mortes desde o início da pandemia, em março de 2020. No mesmo período, foram 95.601 novas infecções, somando 16.720.081 infectados, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Edição: Vivian Virissimo