A gente considera que as palavras são importantes, que têm alma
O escritor indígena multipremiado Daniel Munduruku avalia que é urgente que o país reveja sua História e passe a reconstruí-la a partir da cultura dos povos que foram colonizados. “Nossa história acabou supervalorizando o lado europeu e desvalorizando o indígena e o africano. A gente, infelizmente, aprendeu a ter vergonha desse nosso passado”, disse em entrevista veiculada na edição de hoje (11) do Programa Bem Viver.
“A primeira coisa que a gente precisa fazer é reconstituir nossa identidade a partir do pertencimento a essas culturas. Para isso a gente precisa saber respeitar e valorizar nossa diversidade e isso passa pelo reconhecimento da nossa identidade e pela educação. A gente precisa educar nosso pensamento para sair do pensamento torto que fomos educados, que é o pensamento do colonizador”, avaliou Munduruku. “Nós precisamos criar um projeto de Brasil que nasça dentro do pensamento brasileiro”.
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Natural de Belém, no Pará, Daniel Munduruku se formou em Filosofia, com licenciatura em História e Psicologia e integrou o programa de Pós-Graduação em Antropologia Social na USP. Deu aulas por dez anos e foi educador social na Pastoral do Menor de São Paulo. Na entrevista, ele avaliou a importância de outros indígenas também terem acesso ao ensino superior
“Toda movimentação de levar a juventude para as unidades, tirando um pouco o peso do vestibular antigo, que era muito seletivo, todas essas políticas de inclusão, foram importantes para que as pessoas tomassem consciência que podem frequentar universidade e ter acesso a conhecimento”, afirmou.
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Autor de “Histórias de índio, coisas de índio” e “As serpentes que roubaram a noite”, Daniel Munduruku diz que as palavras fazem parte das tradições e da cultura de seu povo. “Eu venho de tradição oral. Sou indígena e fui educado ouvindo histórias. A gente considera que as palavras são importantes, que têm alma. Escrever foi um aprendizado, eu percebi que poderia carregar esse poder das palavras.”
Greve
Os trabalhadores da Eletrobras entraram em estado de greve contra privatização da estatal que, segundo a categoria, representa risco de aumento nas tarifas e de racionamento de energia. A medida provisória que trata da privatização da Eletrobras foi aprovada pela Câmara dos Deputados em maio e para não perder a validade deverá ser deliberada pelos senadores até 22 de junho.
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Representantes dos trabalhadores afirmam que, entre outras consequências negativas, a privatização pode reduzir os investimentos em infraestrutura energética, que minimizariam riscos de crises energéticas no Brasil, como a que o país enfrenta nesse momento. O engenheiro espeicalista em energia, Renato Queiroz, afirma que para revertê-la o caminho é exatamente fortalecer a estatal.
“A Eletrobras tem grande expertise em inovação, tem laboratórios e simuladores de usinas. É preciso desenvolver mais essa inovação, mas privatizando essa possibilidade será retirada. O setor privado não vai investir em algo que não sabe se terá retorno. É o Estado que tem que investir em inovação”, diz Renato. “Precisamos fortalecer a Eletrobras como estatal e investir em inovação.”
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Comida de verdade
A cozinheira profissional Sayonara Salum ensina uma fácil, deliciosa e saudável receita de couve-flor assada. O prato é preparado com ingredientes simples e populares, presentes na maior parte das geladeiras do país.
Preparada dessa forma, a couve-flor é um acompanhamento perfeito para diversos pratos. Além dela, você vai precisar de cebola, alho, tomilho, sal e pimenta do reino, queijo parmesão e curry.
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Edição: Sarah Fernandes