“O meu sonho é um mundo de justiça, igualdade e fraternidade que começa onde a gente está, na nossa casa, na nossa comunidade, no nosso município, território, estado e país e se espraia pelo mundo afora.
Quando tiver uma pessoa sofrendo injustiça, sem o direito a uma vida digna, a gente sofre com ela, se indigna e tem que estar na luta para que ocorra essa transformação que é a grande utopia, a mãe terra preservada e as relações entre seres humanos dignificadas. Então esse é o meu sonho, a luta que não é só minha, mas de milhares de pessoas.”
Com estas palavras, Olívio Dutra, que completou 80 anos na última quinta-feira (10), falou sobre seus sonhos e utopias em entrevista ao Brasil de Fato RS, publicada em 2019. Resume, em um parágrafo, a força que o move em sua larga atuação política, uma referência não só para a esquerda gaúcha, mas para o campo democrático em todo o país.
::Olívio Dutra: “O povo tem que ser sujeito e não objeto da política”::
Há quem compare Olívio ao ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, tamanho é o carinho e respeito que tem de todos os que o conhecem. Não fosse pela pandemia, é provável que ainda estivesse andando de ônibus em Porto Alegre – uma de suas marcas, que demonstra a humildade de quem já passou por diversos cargos políticos.
Bancário aposentado, iniciou sua atuação sindical nos anos 70, quando foi perseguido e preso pelo regime militar. Foi ativo na redemocratização e esteve na fundação do Partido dos Trabalhadores. Em 1988, foi o primeiro prefeito do PT em Porto Alegre. Em 1998, foi eleito governador gaúcho. Também foi ministro das Cidades no governo Lula, em 2003.
Sua administração da capital gaúcha até hoje é lembrada pela experiência do Orçamento Participativo. Esta ecoa pelo mundo como um modelo de gestão transformador, que pensa e constrói políticas públicas de forma coletiva, chamando a população a fazer parte das decisões. O Orçamento Participativo foi uma inspiração para a realização do Fórum Social Mundial, que teve sua primeira edição em Porto Alegre em 2001, ocasião em que foi lançado o Brasil de Fato.
Galo Missioneiro é seu apelido carinhoso no meio político gaúcho e o nome do documentário que conta a sua história, desde a convivência com a família na cidade natal, São Luiz Gonzaga, passando pela vinda do missioneiro para a capital gaúcha e sua luta sindical e política, que o levou a prefeito de Porto Alegre e a governador do estado. O filme pode ser conferido gratuitamente nas aqui.
::Documentário sobre Olívio Dutra é disponibilizado gratuitamente na redes sociais::
As redes sociais hoje estão cheias de lembranças e homenagens às oito décadas vividas por Olívio Dutra. Para celebrar este momento, será realizada uma "super live" de aniversário do Galo Missioneiro e do deputado estadual Edegar Pretto, que também está de aniversário hoje, completando 50 anos. A festa virtual será neste sábado (12), às 15h, com transmissão pelas páginas do Olívio e do Edegar no Facebook, e Youtube do Edegar.
Na entrevista que Olívio concedeu ao Brasil de Fato RS, além de seus sonhos e utopias, ele fala do momento político de “retrocesso político, humanitário, democrático”. Lembra de seus anos de sindicalismo em plena ditadura militar, fala da necessidade de uma frente ampla política para enfrentar os desafios antidemocráticos, aponta a necessidade do povo ser sujeito e não objeto da política e opina sobre como atrair novamente quem está desiludido com a política: “Não responder ignorância com ignorância, desaforo com desaforo, mas puxar argumentos e ideias de solidariedade, de justiça, de respeito às divergências, de pluralidade”.
Leia a entrevista completa:
Olívio Dutra: “O povo tem que ser sujeito e não objeto da política”
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko