É um alimento muito completo. Ele tem baixíssimo colesterol e tem ômega 6 e ômega 9.
Rico em carboidratos, fibras e minerais, o pinhão é a saborosa semente da araucária, que faz sucesso durante as festas juninas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Além de ser uma delícia, ele é um dos alimentos que contam a história do país.
Quem explica é Natal João Magnanti, agrônomo do projeto Saberes e Fazeres do Pinhão, de Santa Catarina, que difunde a importância cultural e práticas de produção da semente ancestral.
"Se a gente for ver o histórico, boa parte dos imigrantes que colonizaram o sul do Brasil comeram araucárias. Eles aprenderam a comer pinhão com os indígenas, senão não teriam sobrevivido. Só isso é uma importância vital. Do ponto de vista nutricional, é um alimento muito completo. Ele tem baixíssimo colesterol e tem ômega 6 e ômega 9 que são ácidos graxos importantes para a alimentação humana. Não à toa que as populações indígenas espalharam araucárias por onde eles passavam", explica.
Declínio e recuperação
Antes da colonização havia mais de 180 mil quilômetros de mata de araucária no país. A alta qualidade da madeira a colocou na vitrine de desmatadores e hoje são apenas 2% desse tipo de mata, segundo dados da Embrapa (Empresa Brasil de Pesquisa Agropecuária). Porém, lembra Natal, essa situação está sendo revertida.
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"Eu vejo que agora, a partir desses últimos anos há uma valorização do ponto de vista nutricional, mas também da conservação da espécie e da conservação do uso da espécie", afirma.
Compromisso do MST
Além do trabalho de Natal, outro exemplo de valorização acontece no acampamento Terra Livre Clevelândia, no Paraná, Onde famílias organizadas pelo MST iniciaram uma campanha de reflorestamento da araucária. Até agora já foram 500 mudas da árvore, que é símbolo do estado.
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"Tem toda essa questão que além do pinheiro ser uma árvore nativa da mata ciliar, também tem a questão da produção de pinhão para a alimentação. A gente faz o debate com as famílias sempre na perspectiva de que a gente não está plantando.. se a pessoa tem uma certa idade, ela sabe que não está plantando para ela, mas para futuras gerações", afirma Josiane Grossklaus, moradora do acampamento Terra Livre, em Clevelândia no Paraná.
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Dica de preparo
O pinhão já se tornou parte da alimentação diária no Paraná. Josyane explica que a semente não precisa ser comida apenas cozida e passa uma receita especial de farofa de pinhão com galinha caipira.
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"A receita é basicamente fritar o bacon, colocar temperos, cebola, água, sal e pimentão. Depois acrescentar farinha de mandioca torrada e duas xícaras de pinhão cozido picado. Depois tudo é misturado e colocado dentro do frango, que é enrolado no papel alumínio e vai para o forno. E no final a gente tira o papel só para dar uma douradinha. Fica uma delícia", completa Grossklaus.
Edição: Daniel Lamir