CRIME EM FAMÍLIA

Caso Flordelis: assassinato de Anderson do Carmo completa dois anos

Traição, tentativa de envenenamento e abuso sexual; relembre o caso que colocou em xeque a carreira da pastora Flordelis

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Flordelis e o Anderson Gomes; pastora é acusada de ser mandante da morte do marido - Foto: Reprodução/Facebook

O assassinato do pastor Anderson do Carmo completa dois anos nesta quarta-feira (16). Ele foi morto com mais de 30 tiros na garagem da casa em que morava com a pastora e deputada federal Flordelis (PSD-RJ) e mais 55 filhos no município de Niterói, na região metropolitana do Rio. A parlamentar é apontada como mandante do crime. 

Em dois anos, a investigação, liderada pela Delegacia de Homicídio de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, expôs uma trama familiar repleta de briga, traição, abuso sexual e tentativa de homicídio no núcleo familiar de Flordelis.

Ao todo, sete filhos do casal, três afetivos, um adotivo e três biológicos estão presos pelo crime, assim como uma neta da deputada.

Flordelis é a única acusada que não está presa devido à imunidade parlamentar. Além da pastora, seus filhos e neta, também são réus um ex-policial ligado à família e sua esposa. Todos já foram pronunciados pela Justiça e irão a júri popular.

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Mais restrição

Em abril deste ano, a justiça suspendeu a autorização concedida à Flordelis para que ela pudesse circular entre 23h e 6h do dia seguinte, excepcionalmente para atividades relacionadas ao exercícios do mandato parlamentar. A Justiça informou que a deputada infringiu várias regras da concessão dada a ela.

 Além do uso da tornozeleira eletrônica, a deputada tem que permanecer em recolhimento domiciliar noturno no horário estipulado, agora sem exceção.

A decisão baseou-se em relatórios de acompanhamento da parlamentar que apontaram várias violações das medidas cautelares. Em uma das ocasiões, o equipamento chegou a ficar 17 horas desligado.

Mandato em risco

No início do mês, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Federal aprovou a cassação do mandato de Flordelis.

O placar da votação foi de 16 votos a um, com divergência do deputado Márcio Labre (PSL-RJ). Para o relator, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), a morte foi resultado de uma disputa de poder entre Flordelis e Anderson. O pastor seria o "514º parlamentar" da Câmara, que possui 513 cadeiras.

Segundo Leite, no ano seguinte à morte de Anderson, Flordelis apresentou quase dez vezes menos propostas que no ano anterior, o que confirma a tese de que o pastor atuava em conjunto com a deputada nas proposições do Legislativo. 

O caso segue para o Plenário da Câmara dos Deputados e precisa de 257 para que Flordelis perca definitivamente o mandato parlamentar. A Casa tem até 90 dias para votar a cassação, aprovando ou rejeitando a decisão do Conselho de Ética.

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O presidente do Partido Social Democrático (PSD), Gilberto Kassab, anunciou neste mês que dará prosseguimento ao processo de expulsão do partido da deputada federal se a Câmara dos Deputados cassar o mandato da parlamentar.

No último domingo (13), em uma publicação em sua rede social, Flordelis afirmou a sua inocência e disse que tirar a vida de Anderson não traria nenhum benefício.

“Nem se eu perder o meu mandato, ou for presa injustamente, podem me tirar tudo, podem manchar o meu nome, mas eu sei quem eu sou, sei o que fiz e sei que o único julgamento que realmente me importa é o julgamento de Deus, e para ele estou sempre pronta, pois minha consciência está tranquila e o meu coração em paz”, diz um trecho da publicação.

A pastora deve ir a júri popular por homicídio triplamente qualificado; associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso. A parlamentar é acusada também pelas tentativas anteriores de homicídio a Anderson, por envenenamento e emboscada.
 

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister