Nossas ações impactam na vida das outras pessoas. Temos que pensar a liberdade de forma coletiva
Quais são os limites da nossa liberdade? Até onde podemos sobrepor a nossa vontade ao interesse coletivo? Estas perguntas foram os pontos de partida para a edição de hoje (16) do Radinho BdF, que ouviu a opinião de crianças de diversas partes do Brasil sobre esse tema.
“Eu acho que liberdade é um conceito usado para mostrar que você pode fazer, falar e ser o que quiser. Você pode se expressar falando, fazendo um podcast ou pela arte. É um conceito que mostra que as pessoas são livres para ser quem são”, afirmou Miguel, de 11 anos, que mora em Curitiba.
Foi garças a muita mobilização social ao longo da História que hoje temos garantido os direitos de ir e vir dos lugares que escolhemos, nos expressar da nossa maneira e praticar a vida política, por exemplo.
“A liberdade é importante porque ela garante que a gente possa expressar nossa opinião e fazer uma manifestação. Liberdade é você poder falar, é poder ir e voltar, liberdade é você não ter medo”, diz Manuela, que tem 11 anos e mora em São Paulo.
Liberdade na pandemia
Desde que começou a pandemia do coronavírus e foi preciso ficar em casa para conter a contaminação por Covid-19, o debate sobre liberdades individuais ganhou espaço na sociedade. Alguns grupos que não concordaram com o fechamento de comércios e com o isolamento social e começaram a dizer que a liberdade deles estava sendo cerceada.
Esse argumento foi usado também pelo presidente Jair Bolsonaro para rejeitar o isolamento social, o uso de máscaras e obrigatoriedade da vacina. Mas em uma pandemia, quando suas escolhas podem ter efeitos sobre muitas pessoas, quais são os limites das liberdades?
“Liberdade é eu fazer o que eu quiser, desde que respeite o direito do próximo”, disse Ana Clara, de 10 anos, de São Paulo.
A escolha individual de uma pessoa de sair de casa, provocar uma aglomeração e não tomar vacina acaba tendo efeitos muito negativos e às vezes fatais em toda a comunidade. Por isso a liberdade sempre deve ser pensada coletivamente.
“Em geral as pessoas pensam a liberdade como a possibilidade de fazer escolhas, de ir e vir e de fazer o que bem se entende. Mas pensar a liberdade assim é ignorar que as nossas ações exercem impacto na vida dos outros. Nossas ações são interdependentes, elas causam consequências na vida das outras pessoas. Então temos que pensar a liberdade de forma coletiva, sem perder de visa que nossas ações devem sempre contribuir para melhorar a vida em sociedade”, disse o cientista político Rafael Araújo.
Direito garantido em lei
No Brasil e no mundo uma série de leis e normas garantem o direito à liberdade. Uma das principais é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que em seu artigo 1o diz que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.”
A Constituição do Brasil garante a todos o direito “à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Além dela, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) aponta que o direito à liberdade garante a possibilidade de ir e vir, de expressar sua opinião, de participar de cultos religiosos, de participar da vida política e brincar e se divertir.
“Liberdade é quando a gente pode fazer o que quiser sem se preocupar com que as outras pessoas pensam sobre nós. Eu acho que é algo muito importante para a gente ser feliz”, disse Cecília, que tem 10 anos e mora no Rio de Janeiro.
História e brincadeira
Na edição de hoje do Radinho BdF as crianças conheceram a história “João Espero Leva o Presente Certo”, de Candace Fleming e G. Brian Karas. Nela João por ser um menino muito pobre, não poderia ir a festa de aniversário da princesa, porque não tinha um presente para dar a ela. Mas como ele era muito esperto deu um jeito nessa situação. Descubra como com a contadora de histórias Nina.
Depois aproveite para reunir a família e brincar de “caminhando no escuro”, uma brincadeira muito divertida que nos mostra como somos interdependentes um do outro na nossa sociedade. Quem ensinou foi a pedagoga Silvana de Oliveira.
E na Vitrolinha BdF as crianças podem dançar livremente ao som de “Alô, Liberdade”, de Chico Buarque na voz de Bebel Gilberto, “Carimbador Maluco”, de Raul Seixas e “Pequeno Cidadão”, de Arnaldo Antunes.
Sintonize
O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.
Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.
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Edição: Sarah Fernandes