Sem se esquecer de seguir os protocolos sanitários, o povo se prepara para voltar às ruas neste sábado (19), em mais de 330 cidades brasileiras. "Vacina no Braço" , "Comida no Prato" e "Fora, Bolsonaro", são as pautas centrais dos manifestantes para emparedar o atual presidente e apontar a responsabilidade do governo federal por colocar o Brasil à beira dos 500 mil mortos pela covid-19.
Os protestos, articulados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, e pela Coalização Negra por Direitos - dentro da Campanha Nacional Fora Bolsonaro - são uma continuidade dos atos históricos do último dia 29 de maio, pouco noticiados pelos grandes jornais do país.
"O povo brasileiro tá sofrendo muito, e a única alternativa que nós encontramos nesse momento para conseguir inclusive salvar a vida das pessoas é ocupar as ruas para pressionar por vacina, para acelerar esse processo, para o Brasil comprar vacina, para conseguir aumentar o auxílio emergencial para R$ 600, para enquanto a gente viver esse período de pandemia as pessoas não passarem fome, e para acabar com o extermínio, para acabar com a violência policial nas periferias, para combater o racismo", explica Jessy Dayane, da Frente Brasil Popular.
Auxílio Emergencial irrisório
Uma das bandeiras centrais dos manifestantes para combater a miséria que assola o país, a volta do auxílio emergencial para 600 reais, ainda passa longe de ser uma das prioridades do governo federal.
Hoje, o benefício alcança o valor médio de 250 reais e não atende as necessidades básicas das famílias brasileiras, especialmente das mães solo que vivem nas periferias. É o caso de Sônia Santos Souza, na Zona Leste de São Paulo. A empregada doméstica está entre as 7,8 milhões de pessoas que perderam o emprego no país durante a crise.
"Sem trabalho, só com R$ 375, não dá para a gente fazer feira de mercado, feira de mistura pra ele, é bem difícil hoje. Já era difícil, agora por causa da pandemia ficou bem mais difícil", afirma a mãe desempregada.
Além da fome, hoje o país carece de investimento no SUS, e sofre com a falta de leitos e insumos no combate à pandemia. A vacinação é outro descaso por parte do governo. Após a recusa de ofertas da Pfizer, a imunização ainda caminha a passos lentos, e até mesmo os grupos prioritários definidos em dezembro do ano passado pelo Ministério da Saúde, como as comunidade quilombolas, não foram totalmente imunizados.
"Até quando nós vamos ficar esperando e deixando o país ser conduzido nas mãos de um genocida? Isso diz respeito a vida do nosso povo, isso diz respeito a dar uma freada no desmonte do estado brasileiro, na destruição do nosso país, então acho que esse são os motivos que dão tanta urgência a essa bandeira e a essa luta e a necessidade do Fora Bolsonaro", aponta Jessy Dayane, que é da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude.
A necessidade de lutar nas ruas pela saída do presidente também é endossada por Édson Carneiro Índio, da Frente Povo Sem Medo.
"Não é mais possível a população suportar esse governo que tem levado milhões de pessoas a morte. Nós estamos chegando a 500 mil mortes neste final de semana. Milhões de pessoas na fome, milhões de pessoas no desemprego", enfatiza o secretário geral da Intersindical.
Protocolos sanitários
Ao contrário do negacionismo observado nas motociatas de Bolsonaro pelo país, a Campanha Nacional pelo Fora Bolsonaro definiu uma série de protocolos sanitários para garantir a segurança dos manifestantes.
As Frentes Povo Sem Medo, Brasil Popular e a Coalizão Negra por Direitos, orientam o uso da máscara N95 - que também será distribuída nas ruas para aqueles que não têm condições de comprá-las.
Outra orientação é que as pessoas não deixem de usar álcool em gel e marchem em fileira, mantendo o distanciamento social. Já para aqueles que têm algum sintoma ou tenham comorbidades, a orientação é que fiquem em casa.
As orientações detalhadas para garantir a segurança de todos os manifestantes estão disponíveis no guia de segurança sanitária para manifestantes em tempos de covid-19, elaborado pela Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP).
"Com os cuidados sanitários, mas sem deixar de dizer que o Brasil não aguenta mais o projeto da destruição nacional, não aguenta mais milhares de mortes, caos social, desemprego, fome e miséria", finaliza Índio.
Edição: Isa Chedid