Nesta semana, os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid terão uma oportunidade de avançar nas investigações sobre o chamado “Gabinete das Sombras”, grupo que teria sido articulado para aconselhar informalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na atual crise da pandemia.
O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) será o primeiro a ser escutado pelos parlamentares, já nesta terça-feira (22). Chamado de “assessor” por Bolsonaro em vídeo amplamente divulgado na imprensa e na internet, em reunião onde se formula ações que o governo viria a encampar no combate à doença, o médico por formação é tido como a principal liderança do grupo paralelo.
Ele seria um dos que levou ao presidente argumentos em defesa do chamado "tratamento precoce", com medicamentos comprovadamente sem eficácia contra o novo coronavírus, como a cloroquina.
O deputado também é conhecido defensor da tese da "imunidade de rebanho", que preconiza que é preciso deixar o vírus se espalhar na população, ao invés de reduzir seu contágio.
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A pedido do presidente da Câmara dos Deputados e aliado do governo, Arthur Lira (PP-AL), a convocação de Osmar Terra foi convertida em convite. Assim, o parlamentar bolsonarista poderá não comparecer ao depoimento, caso tenha algum receio dos questionamentos dos senadores.
Na quarta-feira (23), será a vez do médico Francisco Emerson Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos. Os senadores querem entender como foi feito o contrato de R$ 1,6 bilhão entre a sua empresa e o ministério da Saúde, formalizado em 25 de fevereiro deste ano, para fornecimento da vacina Covaxin.
Antes mesmo de ser liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Bolsonaro já havia anunciado que o imunizante integraria o Programa Nacional de Imunização (PNI). As demais vacinas adquiridas pelo país tiveram um tempo maior de espera para autorização do governo federal, sob a justificativa de que seria necessário que houvesse, antes, análises e aprovação irrestrita da agência estatal.
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Na quinta-feira (24), o depoente será Filipe Martins, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais e um dos nomes indicados pelo escritor Olavo de Carvalho a ocupar cargos no governo.
Ele deve ser questionado sobre sua participação em uma reunião com executivos da empresa farmacêutica Pfizer, em que também estavam o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, e Fábio Wanjgarten, ex-secretário de Comunicação.
O encontro é um dos principais indícios da atuação do “Gabinete das Sombras”, já que Wanjgarten, Carlos Bolsonaro e Martins não possuem ou possuíam atribuições em seus cargos para participar de reuniões relacionadas aos esforços federais de combate à pandemia.
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Por último, na sexta-feira (25), serão ouvidos o epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal, e a médica e ex-diretora-executiva da organização Anistia Internacional, Jurema Werneck. Os dois serão ouvidos como especialistas convidados, para auxiliar os senadores a compreenderem quais teriam sido os erros do governo na condução do enfrentamento ao novo coronavírus.
Acompanhe a cobertura da CPI da Covid:
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Edição: Vinícius Segalla