Em 2017, o Brasil superou a marca dos 30 milhões de idosos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) – Características dos Moradores e Domicílios, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um estudo feito este ano, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), usando também os dados do IBGE, mostrou que dos 210 milhões de habitantes do país, 37,7 milhões de brasileiros possuem 60 anos ou mais.
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Este crescimento no número de pessoas idosas no país revela novos problemas e desafios a serem superados, como é o caso da violência praticada contra as pessoas idosas. E não são poucas formas que essas violências se expressam.
Os tipos mais conhecidos são os de violência física, psicológica, negligência e violência institucional. Mas há também os que violentam com abuso financeiro, violência patrimonial, violência sexual e discriminação.
Segundo a cartilha “Violência contra a pessoa idosa: vamos falar sobre isso?”, da Campanha Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa, os números de violações contra essa população representam 30% do total de denúncias recebidas pelo Disque 100 em 2019.
Ao longo deste mesmo ano foram contabilizados 48,5 mil registros referentes a denúncias de violações de direitos das pessoas idosas.
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A negligência consiste na violação com maior volume para o Grupo Pessoa Idosa, com 62.019 registros, representando 41% do total de violações registradas para este grupo. Esses números colocam os idosos na segunda colocação entre os grupos mais vulneráveis, atrás apenas de crianças e adolescentes.
O médico de família e professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Aristóteles Cardona, afirma que a situação de violência em nosso país é tão grave que apresenta reflexo em todos os momentos do ciclo de vida das pessoas.
“No caso dos idosos há particularidades que precisam ser avaliadas caso a caso por conta da fragilidade de saúde e outra debilidade que tornam a situação ainda mais difícil. É preciso reforçar que violência não é somente a física”.
Cardona exemplifica: “um tipo muito comum de violência contra idosos é a negligência, quando se deixa de oferecer cuidados básicos, como higiene, saúde, medicamentos ou mesmo proteção contra frio ou calor. A situação de idosos que vivem em abrigos muitas vezes pode estar relacionada a tipos de violência assim por parte de familiares ou pessoas que deveriam prezar por seus cuidados. A situação de violência contra idosos é algo muito importante e precisa estar na agenda política de todas as organizações”.
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Para a assistente social Elizabeth Silva, o que chama atenção é que as violências contra as pessoas de mais de 60 anos são cometidas normalmente por quem os idosos confiam ou que têm relações familiares.
“São situações gritantes com vários tipos de violência, tanto os familiares que maltratam seus idosos, como também há casos de contratação de cuidadores e esses profissionais agridem psicologicamente ou fisicamente essas pessoas de mais idade. A violência financeira é o que vemos bastante e normalmente são os familiares que pegam esses idosos “para cuidarem” somente por causa do que chamamos de aposentadoria, o Benefício Prestação Continuada, e fazem desse dinheiro o que querem, sem dar as necessidades mínimas ao idoso”, conta.
Como denunciar
Ao identificar uma situação de violência, de qualquer tipo, as pessoas têm o dever de prestar ajuda à pessoa idosa - caso não haja risco pessoal em situação de iminente perigo - ou pedir o socorro de autoridade pública, através dos agentes de segurança pública, que são a polícia e a delegacia.
Em Pernambuco a denúncia de violência contra pessoa idosa pode ser registrada na Delegacia do Idoso, nas demais delegacias de polícia, na capital e nas cidades do interior do Estado, e no Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa (CIAPPI), que fica na rua Santo Elias, 535, bairro do Espinheiro, Recife (PE).
Elizabeth também sugere que “os idosos que são orientados e que utilizam o celular, podem denunciar no Disque 100. E que eles também podem acionar qualquer equipamento da Assistência Social do município, que eles terão suporte suficiente para os encaminhamento do caso.
Os idosos também podem procurar o Ministério Público (MPPE), os conselhos de direitos municipais e tantos outros mecanismos que garantem os direitos e a segurança da pessoa idosa, asseguradas na Constituição Federal”, diz.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vinícius Sobreira