Assim Europa compactua com o modelo de produção alimentar baseado na monocultura e no desmatamento
Apesar de adotar políticas internas de mitigação das mudanças climáticas, redução de emissões e adoção de modelos de produção sustentáveis, a União Europeia continua fabricando e comercializando agrotóxicos considerados extremamente perigosos com o Brasil. Algumas das substâncias vendidas pelo bloco econômico, inclusive, são proibidas nos países da Europa. Especialistas alertam que essa dinâmica é contraditória, cria um duplo padrão de uso e dá continuidade a relações comerciais baseadas em princípios colonialistas.
“Assim a União Europeia compactua com o modelo de produção alimentar do Brasil, que é baseado na monocultura e em uma enxurrada de agrotóxicos. Ela ajuda a perpetuar um modelo que deixa rastro de destruição, com desmatamento, perda da biodiversidade e contaminação do solo e da água. A Europa contribui para que isso ocorra aqui enquanto muda suas diretrizes internamente”, diz a integrante da organização não-governamental Greenpeace, Marina Lacôrte, em entrevista a edição de hoje (24) do Programa Bem Viver.
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Desde janeiro de 2019 até agora foram liberados para uso ao menos mil novos agrotóxicos. Destes, um terço são proibidos em países da União Europeia. “É um duplo padrão de uso e comercialização. Isso é muito contraditório: a União Europeia proíbe veneno internamente, mas continua fabricando e vendendo para outros países, como Brasil. A gente acaba tendo continuidade de uma política colonialista”, disse.
Outro problema que é parte dos pesticidas proibidos na União Europeia acabam retornando para o bloco econômico em frutos e legumes importados do Brasil. Um estudo realizado entre abril e maio de 2021 comprovou esse fato: 70 amostras de frutas vindas do Brasil e vendidas na Alemanha foram testadas e em 85% delas havia agrotóxicos.
Ao todo foram identificadas 35 substâncias diferentes, 11 delas proibidas na Europa. Ao todo, 61% dos agrotóxicos identificados são considerados altamente perigosos. “Em 64% das amostras foram identificados mais de um tipo de agrotóxico. Isso agrega preocupação adicional porque o efeito desse coquetel não é estudado. Sabemos de vários efeitos das substâncias isoladas, mas a interação entre elas não é estudada”, diz Marina.
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Os testes foram feitos em amostras de manga, limão, mamão e figo. Elas foram adquiridas de regiões diferentes do Brasil e exportadas por empresas também diferentes. Em uma das amostras de mamão foram identificados nove tipos de agrotóxicos. Em uma amostra de limão, sete tipos.
Superfaturamento na compra de vacinas
O governo federal adquiriu a vacina indiana Covaxin por um valor 1000% maior do que o anunciado pela própria fabricante em correspondência oficial de autoridades diplomáticas brasileiras na Índia. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (22) pelo jornal "O Estado de S.Paulo" a partir de documentos sigilosos obtidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado.
:: Brasil pagou 1000% a mais em vacina indiana que valor informado por embaixada no país ::
Segundo as investigações, foi emitido um comunicado oficial e secreto em agosto de 2020 pela embaixada brasileira na Índia que informava que cada dose do imunizante Covaxin, produzido pela empresa Bharat Biotech, custaria US$ 1,34 ao Brasil, o equivalente a R$ 6,64, pelo câmbio desta terça.
A negociação entre as partes seguiu até que se concretizasse a compra em fevereiro deste ano, mas com valores muito superiores aos da primeira negociação: o preço foi de US$ 15 por unidade do imunizante. Ao todo seriam 20 milhões de doses, somando um desembolso de R$ 1,6 bilhão do governo brasileiro. A compra foi realizada sem licitação.
Antes disso, também na CPI, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia justificado a demora na comprar as vacinas da Pfizer, depois de dezenas de e-mails da empresa, pelo fato de o preço ser muito elevado. Os valores oferecidos, no entanto, eram menores que os pagos por outros países, como Inglaterra e Estados Unidos e muito inferiores aos da Covaxin.
:: Bolsonaro recusou vacina da Pfizer pela metade do preço pago por outros países ::
Os documentos sigilosos também indicam que o governo do presidente Jair Bolsonaro não negociava a compra vacinas com a farmacêutica Bharat Biotech, mas sim com uma empresa brasileira chamada Precisa Medicamentos.
Esses fatos levantaram suspeitas entre os parlamentares da CPI no Senado. Ainda na terça, o Ministério Público Federal acrescentou as informações a uma investigação já em andamento envolvendo a Precisa Medicamentos, em um inquérito civil por improbidade. As investigações foram transferidas para o 11º Ofício de Combate ao Crime e à Improbidade Administrativa.
Um dos sócios da empresa, Francisco Maximiliano, foi convocado a depoimento, mas adiantou estar cumprindo quarentena obrigatória após viagem para a Índia.
Enciclopédia negra
A exposição Enciclopédia Negra traz obras que retratam o perfil de personalidades negras que não aparecem nos livros de História, mas que tiveram uma participação fundamental na construção do país com suas lutas e com seus saberes. Ao todo são 103 obras de 36 artistas, além de biografias de contemporâneos como Marielle Franco, Clementina de Jesus e Itamar Assumpção.
:: Por Marielle, quero justiça! ::
A curadora e historiadora Lilia Schwarcz conta que o intuito da mostra, que lançou um livro de mesmo nome, é mostrar que a população negra estava em diversas regiões do país, ocupando lugares diferentes na sociedade, não apenas o de escravizados. Eles eram, por exemplo, professores, artistas, engenheiros e intelectuais. A exposição traz também a história do primeiro candidato à presidência da república negro, a primeira deputada negra eleita e muito mais.
A exposição Enciclopédia Negra está na Pinacoteca de São Saulo e a entrada é gratuita, mas é necessário reservar ingressos pelo site. O museu mantém um fluxo menor de pessoas pra não ocorrer aglomeração de visitantes nos espaços, respeitando todas as medidas sanitárias e de distanciamento.
A Pinacoteca fica no centro de São Paulo e as reservas podem ser feitas pelo site pinacoteca.org.br.
Farinhas
Farinha de trigo, de milho e de mandioca são alguns dos ingredientes mais tradicionais da culinária brasileira, usadas em diferentes receitas como tortas, bolos, panquecas, pães e bolachas. Elas são excelentes fontes de carboidratos, dão energia para o organismo, e ainda garantem segurança alimentar e fomentam a agricultura familiar.
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A novidade fica pelas farinhas feitas com ingredientes menos convencionais, como grão-de-bico e maracujá. Elas ajudam a somar nutrientes, fibras e carboidratos de qualidade na dieta, como aliados da nossa saúde e como boas opções para variar o cardápio.
Uma opção é usar a farinha de grão-de-bico no preparo de uma panqueca saborosa e muito saudável. A receita está disponível na edição de hoje do Programa Bem Viver.
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Edição: Sarah Fernandes