Enquanto na cidade tem gente com fome, no campo tem gente que produz alimentos saudáveis. Entre um lado e outro está o Projeto Dividir. A iniciativa foi articulada em 2020, no Distrito Federal, com objetivo de levar comida para quem precisa e, ao mesmo tempo, ajudar os pequenos produtores a escoar a produção.
A cozinheira Sofia Gomes, presidenta do projeto, conta que a articulação foi uma resposta imediata à crise que se avizinhava, devido à necessidade de suspensão de atividades econômicas para frear a propagação do coronavírus, naquela época, ainda recém-chegado ao país.
“Iniciamos em março de 2020, junto com a pandemia. Já trabalhávamos no restaurante que já atendia, de uma forma, a população em situação de rua. Foi uma preocupação muito grande que com o primeiro lockdown em Brasília as pessoas não tivessem acesso a dinheiro, alimento e não tivessem como se alimentar.”
Atualmente, no Brasil, a insegurança alimentar, ou seja, a dificuldade de acesso a alimentos para uma dieta saudável e completa, já atinge uma grande parte dos lares. Essa é uma das consequências da crise econômica que ficou ainda mais grave com a chegada da pandemia. Na casa da agricultora Lindaura Medrado, moradora do assentamento Roseli Nunes, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Distrito Federal, a pandemia trouxe incertezas sobre o futuro e o medo de ficar sem fonte de renda.
“No começo da epidemia a gente estava com uma dificuldade muito grande. Aqui, a galera não conseguia escoar a produção."
E foi aí que entrou o Projeto Dividir, para fazer uma ponte entre os pequenos produtores que precisavam continuar vendendo os alimentos para garantir a fonte de renda e as pessoas que estavam correndo risco de passar fome, como explica Sofia Gomes.
“A gente acredita que, além de alimentar pessoas, precisamos garantir que ela tenha acesso a uma alimentação que seja saudável, que seja justa e, principalmente, que consiga garantir que o pequeno produtor também vai se alimentar.“
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Do campo para a cidade
Por dia, são distribuídas na região central de Brasília cerca de 80 marmitas, com o tradicional feijão com arroz, legumes e verduras, tudo fresquinho e saudável, bom para quem come e também para quem produz, como a agricultora Lindaura Medrado.
“Na cesta, vai o tubérculo, o legume, a folha, a fruta e a hortaliça. Ficamos aqui um pouco isolados, mas cuidando da produção, tanto pra o nosso sustento quanto para ajudar o pessoal aí fora que está precisando.”
Além das famosas "quentinhas", o Projeto Dividir distribui também cestas básicas e cestas de produtos orgânicos, como essas às quais a Lindaura se referiu. Para comprar insumos dos pequenos agricultores, a rede arrecada doações em dinheiro, além de receber gratuitamente uma parte dos alimentos.
“Essas cestas verdes, orgânicas também, são compradas do pequeno produtor. Aqui em Brasília, o MST é o nosso principal fornecedor e faz doações também. E com o dinheiro que a gente arrecada através das situações, compramos as cestas básicas que são distribuídas para as outras entidades que a gente tem contato. Então é uma rede de solidariedade", destaca Sofia Gomes.
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O Projeto Dividir está com uma vaquinha on-line para construção de uma cozinha comunitária para o preparo das marmitas e para formação de pessoas em situação de rua como auxiliares de cozinha. Para saber mais, acesse o site: www.projetodividir.com.br ou o Instagram @projeto dividir.
Edição: Geisa Marques