Orgulho LGBTQI+

"Ressignificamos a data": Buenos Aires marcha contra transhomicídios

Dia do Orgulho é comemorado duas vezes por ano na Argentina; nesta edição, reivindica direitos da comunidade trans

Brasil de Fato | Buenos Aires, Argentina |
Pela primeira vez, a marcha inclui o termo "transhomicídio", em referência a casos recentes de crimes contra dois jovens trans no país. - Divulgação

No dia mais frio da semana, sob uma temperatura de 7º – e sensação térmica de muito menos–, movimentos LGBTQI+ argentinos se reúnem na praça em frente ao Congresso Nacional, na capital de Buenos Aires. No Dia Internacional de Orgulho e Luta LGBTQI+, a marcha levanta a bandeira do orgulho e denuncia os crimes de ódio que persistem contra a comunidade.

A data celebrada internacionalmente tem como bandeira principal na Argentina a luta contra os crimes de ódio e a intolerância direcionados às pessoas travestis, trans e transsexuais.

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Chamada no país de Marcha Plurinacional contra os Travesticídios e Transfeminicídios, pela primeira vez incluirá também o termo "transhomicídio", em referência, principalmente, a dois casos de jovens trans que comoveram o país recentemente.

Trata-se do assassinato de Santiago Cancinos, cujo corpo foi encontrado recentemente, quatro anos após o crime, e da desaparição de Tehuel de la Torre, jovem de 21 anos que foi visto pela última vez no dia 11 de março, quando saiu de casa para uma entrevista de emprego.

Na Argentina, o Dia do Orgulho é comemorado duas vezes por ano: além do 28 de junho, no primeiro sábado de novembro, as organizações e militantes saem novamente às ruas para levantar a bandeira do orgulho dissidente, como uma data nacional do Dia do Orgulho. A data adicional foi estabelecida na década de 1990, em meio à epidemia do HIV, para evitar expor as pessoas que tinham contraído o vírus ao inverno, rigoroso no país. 

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"Nós ressignificamos o 28J historicamente", pontua Marlene Wayar, integrante da Futuro Trans, uma das mais de 30 organizações que convocam para a marcha deste ano. "Nos unimos para honrar as nossas mortas e mortes [sic], lembrar que estamos vivos e seguir fazendo um exercício crítico da diferença", resume.

Wayar é uma das referências do movimento travesti no país e autora do livro "Travesti: una teoría lo suficientemente buena". Ela destaca que a jornada este ano será principalmente artística e, como de costume, se desprendendo do oportunismo dos "movimentos institucionalizados e aparatos partidários heterossexuais".

"Temos o compromisso de fazer uma contribuição permanentemente crítica ao Estado e à sociedade heterossexual, onde querem nos incluir nas suas estruturas, uma base de negociação que não implica nos escutar ou olhar para nós", ressalta.

Conquista de direitos

As reivindicações deste ano destacam a aparição com vida de Tehuel e justiça por Santiago Cancinos. Além disso, exigem "políticas concretas de reparação e de justiça; políticas de contenção econômica e de prevenção e atenção de saúde", adaptadas às necessidades da comunidade.

Segundo a Comissão Organizadora da Marcha, este ano ocorreram 39 mortes de pessoas trans, incluindo crimes de ódio.

Há poucos dias, o Senado argentino aprovou a lei de cota de trabalho travesti e trans, que determina que 1% dos cargos no setor público deve ser ocupado por pessoas trans, e garante incentivos fiscais para o setor privado cumprir a mesma meta.

Edição: Vinícius Segalla