"Calma, amigue"

Concurso para oficial da FAB traz redação sobre linguagem neutra, e juíza se revolta

Teste para engenheiros da Aeronáutica debate o uso de pronomes sem determinação de gênero como nova variante linguística

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Utilização de pronomes e outras palavras sem definição de gênero foi tema de redação de concurso para oficial da FAB - Arquivo pessoal

A Força Aérea Brasileira (FAB) aplicou no último domingo (27) prova válida pela primeira fase do concurso da Aeronáutica com 131 vagas para oficiais em carreiras de engenharia.

O tema proposto para a redação foi a utilização da chamada linguagem neutra, em que artigos, substantivos, adjetivos e pronomes com definição de gênero são substituídos por variantes de uso comum para masculino e feminino.

::Linguagem neutra: prática inclusiva busca combater preconceito estrutural::

Veja abaixo reprodução da página do teste da FAB sobre o tema.


Redação da prova da FAB abordou o uso da linguagem neutra na língua portuguesa / FAB

O teste apresentou como suporte de apresentação ao tema proposto uma série de textos reflexivos sobre a linguagem neutra, sem, no entanto, estabelecer qualquer conclusão acerca do assunto - ou seja, se é considerado certo ou errado o uso de tal variante linguística.

::Machismo na linguagem cotidiana é tema do Programa Bem Viver::

Mesmo assim, a prova da FAB causou revolta em grupos conservadores da sociedade, que se manifestaram nas redes sociais.

Uma das postagem sobre o tema que teve maior número de compartilhamentos e comentários foi da juíza da Vara da Infância e Juventude de Unaí (MG) Ludmila Lins Grilo, que chamou de "imbecilidade" o tema tratado. A magistrada postou uma série de mensagens criticando a prova da FAB, e milhares de usuários compartilharam os posts.

 

 

Lins Grilo assume publicamente ser discípula do escritor Olavo de Carvalho, posta fotos com ele em suas redes e já esteve envolvida em inúmeras polêmicas por sua atuação nas redes sociais.

Em janeiro deste ano, a juíza postou fotos e mensagens em que ensinava as pessoas como burlar a obrigatoriedade do uso de máscaras em shopping centers e outros espaços públicos. Portar um copo e alegar que está tomando um sorvete, por exemplo, seria uma das táticas.


Juíza Ludmila Lins Grilo ensinou as pessoas a burlar a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços públicos / Reprodução/Twitter

“Andando no shopping tomando sorvete. Com sorvete pode andar sem a máscara, acabar de tomar o sorvete você bota a máscara. O vírus não gosta de sorvete”, disse a magistrada, em vídeo que publicou em suas redes sociais.

Por causa dessa publicação, foi aberto um procedimento investigatório no Conselho Nacional de Justiça para apurar a conduta da juíza de primeira instância de Unaí.

 

Edição: Vinícius Segalla